sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Moonligth


Diretor: Barry Jenkins
Atores: Alex R. Hibbert, Asthon Sanders, Trevante Rodhes, Mahershala Ali, Janelle Mone, Naomie Harris, Andre Hollamd, Jaden Piner, Jharrel Jerome.
Gênero: Drama
Duração: 11 minutos
Ano: 2017


Sinopse: O filme apresenta 3 momentos da vida de Chiron, um jovem negro, morador de uma comunidade pobre de Miami. Do bullyng da infância, passando pela crise de identidade da adolescência e a tentação do universo do crime e das drogas. Este é um poético estudo do personagem.

Gostei muuito!!! Com o tema Homossexualidade abordado com tamanha sensibilidade. Completamente diferente de décadas anteriores, que a idéia era "chocar", era mostrar para a sociedade, escancarar uma realidade que não dava mais para deixar de ser vista, algo mais agressivo e físico. Mas desta vez, parece que a intenção é chamar a atenção para o funcionamento interno, afetivo  da questão. Acredito que o filme ajuda na promoção de uma reflexão mais profunda acerca deste universo, de que nascemos todos com uma uma orientação sexual, de que ser ou não homossexual não é uma escolha, uma preferência sexual. Mostra também um retrato de solidão e superação, de busca por auto conhecimento e identidade. O filme foi baseado na peça de teatro In Moonligth black boys look blue, escrita e dirigida por Jenkins, que resolve depois transformar em longa, a partir da obra original de Tarell Alvin McCraney, que também foi um dos produtores executivos.. Muito provavelmente o texto tem um quê de autobiografia, no que se refere a questão familiar, pois assim como o personagem, também teve uma mãe que sofria com vício em drogas. E tanto Jenkins, quanto McCraney, nasceram e cresceram no complexo residencial Liberty Squar, no bairro Liberty City e resolveram filmar algumas locações do filme lá. Mostra a longa jornada de Chiron em busca de si mesmo, uma história individual, mas que poderia ser universal e de certa forma é, quem nunca passou por um conflito? De pelo menos de identidade, de não se sentir pertencendo a nada, até se encontrar??? Promove uma reflexão para quebrar esteriótipos sobre o que é bom ou mau (ninguém é 100% bom e nem 100% mau, somos uma mistura de sentimentos e valores complexos), do que é ou não possível de acontecer, ficando na dependência de nossa escolhas e das consequências das mesmas. Vai mostrando uma realidade, nada de respostas rápidas, com cenas lindas: nuances dos acontecimentos e com muita delicadeza, a trajetória de vida dolorosa de Chiron: negro, descobrindo-se gay (assumindo a sua orientação em uma sociedade machista e violenta), bem sucedido ainda que de forma ilícita. Enfim, o filme toca o que há de humano em nós, sem grandes produções, sem recursos tecnológicos, toca os nossos sentimentos, num jogo constante de comparações e super posicionamentos. O olhar de desamparo e tristeza do personagem Litle é de fazer chorar de tão expressivo, ao sofrer pela sua condição e por algo que nem tem consciência, mas  sofre tanta rejeição e  preconceito. 






O filme teve 8 indicações ao Oscar 2017, e com a indicação de Jenkins a categoria de Melhor Diretor, torna-se o 4º cineasta negro a ser indicado a esta categoria. Com trilha sonora composta Nicholas Brittel, que tem canções de Goodie mob, Boris Gardner e Barbara Lewis. Tem uma canção também, Cucurucucu Paloma, interpretada por Caetano Veloso, mas infelizmente não aparece no Álbum.
Indicações e Premiações: ao Oscar para Melhor Diretor, Atriz Coadjuvante, Trilha Sonora, Fotografia e Edição. Ganhando os prêmios de Melhor Filme, Ator Coadjuvante ( Mahershala Ali) e Roteiro Adaptado.Ao Globo de Ouro, indicado a Melhor Ator Coadjuvante em drama, Atriz Coadjuvante em drama, Diretor, Roteiro, Trilha Sonora Original. Venceu também para Melhor Filme Drama, No Chicago International Film Festival, venceu como Melhor Audiência, junto com Lion.
Com produção executiva de Brad Pitt, Fotografia de James Laxton, Produtoras: Adele Romanski e Dede Gaedner e Montadora chefe Joi McMillon


Curiosidades: o filme é encenado exclusivamente por negros. Estreou no Festival de Toronto 2016. No filme, Juan (Mahershala) ensina Litle (Alex R. Hibbert) a nadar e na vida real, o jovem realmente não sabia nadar, então foi ensinado de verdade. Os três atores que iriam desempenhar o mesmo personagem não se conheciam e nem se conheceram nas filma, para que cada um pudesse interpretar sem a influência do outros. A atriz Naomie Harris, na trama, mãe de Chiron, teve que filmar todas as suas partes em apensa 3 dias, e foram filmados na sequência. O filme todo foi filmado em 25 dias, no sul da Flórida.
Recomendo, é maravilhoso!!! Tocante!!! Para ver com muita atenção e calma, pois é um filme com muita simbologia, principalmente no gestual.