quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Nell






Direção: Michael Apted
Atores: Jodie Foster, Liam Neeson, Natasha Richardson, Richard Libertini, Nick Searcy, Jeremy Davies, Sean Bridgers
Gênero: Drama
Duração: 115 minutos
Ano: 1994

Sinopse: Uma jovem (Jodie Foster) é encontrada em uma casa na floresta, onde vivia com sua mãe eremita, mas o médico (Liam Neeson) que a encontra após a sua morte da mãe, constata que ela se expressa em um dialeto próprio, evidenciando que até aquele momento, ela não havia tido contato com outras pessoas. Intrigado com  descoberta e ao mesmo tempo encantado com a inocência e pureza da moça,tenta ajudá-la a se integrar na sociedade.



Simplesmente encantador!!! A atriz Jodie Foster nos brinda com mais uma comovente e surpreendente interpretação de Nell, uma garota que vive no estado americano de Carolina do Norte, em meio a uma floresta, com uma linguagem e culturas próprias e chama a atenção de um médico, que a decide ajudá-la, com a intenção de melhor conhecê-la e promover a sua inserção na sociedade local. A partir daí, Nell se torna um caso curioso e interessante para o médico e outras pessoas, sobre quem é ela? Como foi para naquela situação? É Autista, deficiente mental, louca? O que fazer com ela? Seria capaz de viver sozinha na floresta? E na sociedade?  Deveria ser internada em um Hospital? A trama toda gira em torno desta decisão, pois o caso acaba parando em um Tribunal, onde fica decidido que o médico e uma psicóloga que este solicitou ajuda, teriam um período de três meses para tentar conhecê-la e depois sua vida seria decidida. A história, apesar de fictícia é forte, pois Nell se apresenta como uma sobrevivente, onde surgem vários questionamentos: como uma pessoa de aproximadamente 30 anos, que possui "problemas de fala", vivendo como uma selvagem e que talvez possa ter problemas mentais, conseguiu sobreviver até o momento em que foi encontrada? O filme fazer inúmeras reflexões: ajuda a ver um pouco da realidade das pessoas, que além de conviver com uma necessidade especial, têm que enfrentar a indiferença de uma sociedade preconceituosa e etnocêntrica.

Vemos o tempo todo pessoas que possuem necessidades especiais e se deparam com as dificuldades no seu dia-a-dia, como os "cadeirantes' que não encontram calçadas adequadas, com rampas que facilitariam seu acesso às ruas: como os deficientes visuais que muitas vezes não encontram textos em Braille. Estas pessoas acabam por desenvolver hábitos diferentes, para se adequarem à realidade encontrada. Muitos não são compreendidos e são vistos com discriminação pelos membros da sociedade em geral, que não entendem as implicações e obstáculos enfrentados por um portador de necessidade especiais. Então este filme, é um ótimo ensinamento sobre como devemos ou não agir em relação às pessoas diferentes de nós, com hábitos e costumes peculiares, enfim, pessoas que possuem uma cultura diferente da que conhecemos. É possível também fazer algumas analogias, levando em conta alguns filósofos e educadores, quanto ao fato do homem ser visto como social, depende ou não, da configuração ou da configuração humana das pessoas,precisando haver um padrão ou não: Vygotski, que fala da unificação do dueto Pensamento e Linguagem (ênfase de que são processos interdependentes) à questão cultural no processo de significados pelos indivíduos. Piaget: ..."criança como ser dinâmico, que a todo momento interage com a realidade operando ativamente com objetos e pessoas. E que esta interação faz com que construa estruturas mentais e adquira maneiras de fazê-las funcionar". E ainda Jean-Jacques Rousseau: "que todos os homens nascem livres e a liberdade faz parte da natureza do homem. A liberdade natural caracteriza-se por ações tomadas pelo indivíduo com o objetivo de satisfazer seus instintos, isto é,com o objetivo de satisfazer suas necessidades. Podendo assim,manter ou não o vínculo das relações sociais". E para complicar a reflexão, ainda é possível ver no filme (e na vida real), que a aproximação de Nell provoca no médico ena psicóloga uma imersão em si mesmos, quando eles passaram a vislumbrar as possibilidades diferentes que eles próprios poderiam ter em relação às suas próprias vidas. Então o que se percebe é que Nell não é anormal, trata-se apenas de um ser humano que se afasta enormemente de nossos padrões de vida.
Indicações: ao Oscar 1994, Melhor Atriz para Jodie Foster, mas quem ganhou foi Jessica Lange,em Céu Azul. Teve indicação ao Globo de Ouro, para Melhor Filme Drama, Atriz em Drama,para Jodie Foster e Melhor Trilha Sonora.


Música de Mark Isham, Roteiro de William Nicholson e Fotografia linda de  Dante Spinotti.
Curiosidades: A atriz Jodie Foster, além de protagonizar Nell, também é uma das produtoras do filme.
Recomendadíssimo!!! Muito bem construído e cativante. Veja e comente depois.








O filme recebeu uma indicação ao Oscar, na categoria de melhor atriz (Jodie Foster), além de receber três indicações ao Globo de Ouro de melhor filme - drama, melhor atriz - drama (Jodie Foster) e melhor trilha sonora.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Estrelas além do tempo



Diretor: Theodore Melfi
Atores: Taraji P. Henson, Octávia Spencer, Janelle Monáe, Kevin Costner, Kirsten Dunst, Aldis Hodge, Jim Parsons, Mahershala Ali, Glen Powell
Gênero: Biografia
Duração: 122 minutos
Ano: 2017



Sinopse: 1.961. Em plena Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética, disputam a supremacia na corrida espacial, ao mesmo tempo em que a sociedade norte-americana lida com uma profunda cisão racial entre brancos e negros. Tal situação é refletida também na NASA, onde um  grupo de funcionárias negras é obrigada a trabalhar, à parte.É lá que estão Katherine Jonhsons (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn ( Octávia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe), grandes amigas que, além de provarem suas competências dia após dia, precisam lidar com o preconceito arraigado para que consigam ascender na hierarquia da NASA.

Maravilhoso!!! Aborda temas que poderiam ser atuais, embora se passe na década de 60, como a questão de mulher negra estudar, ser brilhante e se destacar, mas principalmente, em ser admitida e  tratada com respeito no mundo praticamente masculino da NASA. Para ser sincera, eu mesma não sabia da existência de mulheres na NASA, de verdade! Normalmente nos filmes americanos, sempre que se fala ou mostra algo relacionado a este órgão só é mostrado homens. Mais uma amostra do machismo imperando, inclusive nos meios de comunicação e mídia. Esperado!!! O longa trás a história de três matemáticas negras que enfrentam o preconceito racial na NASA, uma instituição de ponta, onde a Ciência é estudada e valorizada, como pode manter tal comportamento por tanto tempo???   (É para se pensar, em como a humanidade pode ser obtusa frente a preconceitos enraizados por décadas. Tudo tão contraditório: uma nação tão "poderosa" e à frente de seu tempo em muitos aspectos, pode ser manter ainda tão retrógrada. Vai entender!!!).     Estas três mulheres fortes conseguem quebrar o ambiente claramente preconceituoso, com coragem, perseverança e classe. E além delas, um grupo de mulheres negras foi fundamental para o avanço tecnológico que permitiu a ida do primeiro homem à Lua. Mas sempre quem recebe os louros são os astronautas do Programa Mercury, como Gus Grissom e John Glenn e outros, mas é nos bastidores que tudo acontece, sem estes inúmeros/inúmeras funcionários anônimos da NASA, não seria possível a realização de tal feito. Por isso é maravilhoso tomarmos conhecimento desta história maravilhosa, praticamente desconhecida. Este é um dos motivos que me fazem Amaaaaar o Cinema!!! O trabalho das atrizes em destaque, está excelente, conseguem convencer com brilhantismo, com tamanha sensibilidade, demonstrando beleza, elegância e classe, sem perder o foco: realização do que desejavam sem perder a linha/calma. Mostra ainda a jornada "dupla" delas, trabalho fora, num ambiente altamente competitivo e tendo uma família esperando em casa, ao final do turno de trabalho. Isso nos faz lembrar de algo??? Nossas próprias vidas, ainda hoje, com exceção da questão do preconceito. Outro tema abordado, é a quebra do paradigma, que Inteligência e Beleza, podem andar juntas!!! Atualmente o foco do cinema para mim, não é só "cutucar", ao contrário, é sensibilizar. A autora do original é Margot Lee Shetterly, com roteiro de Allisson Schroeder. Direção de Fotografia, Mandy Walker e Direção de Arte Jeremy Woolsey. Trilha Sonora composta por um "trio da pesada", Hans Zimmer. Pharrell Williams e Benjamin Wallfisch, que busca sempre valorizar e chamar a atenção para um certo momento do filme.


Curiosidades: Detalhe, a questão dos banheiros, n filme,foi vivenciado por Mary Jackson, personagem de Janelle. O que Katherine fez, foi recusar utilizar os banheiros segregados. Em uma cena em que Paul Stafford (Jim Parsons) fala dos engenheiros da NASA, há um rosto especial no meio da multidão. Trata-se de Mark Armstrong, filho do astronauta Neil Armstrong (o primeiro homem a pisar na Lua). Mark foi convidado por Ken Strunk, para aparecer na cena. A locação em que se encontra a casa de Dorothy Vaughn na trama, é na verdade, uma casa localizada em Atlanta. Sendo que no mesmo local, as lendas do Direito, Ralph Abernathy e Martin Luther King Jr,já se encontraram. Octávia Spencer apareceu ao lado de Jim Parsons no episódio The Euclid Altenative do seriado de comédia americano The big bang teory (2007). Reencontros, o longa reúne Octávia Spencer e Kevin Costner que já trabalharam juntos em Preto e Branco (2014) e Mahershala Ali e Janelle Monáe, que fizeram parte do elenco de Mooonligth, sob a luz do luar (2016). A física Katherine G. Johnson, de 98 anos, começou a trabalhar na NASA em 1953 e realizou inúmeros cálculos de trajetórias de vôos espaciais, seu Curriculum reúne os Projetos Mercury e Apollo 11. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, entrega e beija a matemática da ex-NASA, Katherine G. Johnson, depois que ele a apresentou a Medalha Presidencial da Liberdade durante uma cerimônia no quarto Leste, em 24 de novembro de 2015, na Casa Branca em Washington, DC. Dezessete destinatários foram premiados com a mais alta honra civil do país.
Já Mary Jackson, em 1958, foi consagrada a Primeira Engenheira negra da NASA, faleceu em 2005, aos 83 anos. 

Prêmios e Indicações: o filme foi indicado ao Oscar 2017 para Melhor Filme, Atriz Coadjuvante (Octávia Spencer) e Roteiro Adaptado. Mas não ganhou nada. Já no Globo de Ouro, foi indicado nas categorias de Melhor Trilha Sonora e Atriz Coadjuvante (Octávia), vence na Trilha Sonora. Ao BAFTA, ganhou de Melhor Roteiro. No Satélite Awards, teve indicação para Melhor Filme, Atriz (Taraji P. Henson), Atriz Coadjuvante (Octávia Spencer), Roteiro Adaptado, Trilhas Sonora, Canção (Running, de Pharrell Williams) e venceu para Melhor Elenco. No Critics Choice Awards,teve indicação para Melhor Atriz Coadjuvante (Taraji), Roteiro Adaptado e Elenco.
Recomendadíssimo!!! Muito bom, de emocionar  e despertar em nós um orgulho danado, pela participação de nosso gênero em fatos reais e importantes da nossa História. 

domingo, 4 de fevereiro de 2018

O sexto sentido



Diretor: M. Night Shyamalan
Atores: Haley Joel Osment, Bruce Willis, Tonny Collette, Olívia Williams
Gênero: Suspense
Duração: 107 minutos


Ano: 1.999

Sinopse: O psicólogo infantil Malcoln Crowe (Bruce Willis) abraça com dedicação o caso de Cole Sear (Haley Joel Osment). O garoto de 8 anos, tem dificuldade de relacionamento no colégio e vive paralisado de medo. Malcoln por sua vez, busca se recuperar de um trauma sofrido anos antes, quando um de seus pacientes se suicidou na sua frente.

Filme com uma abordagem espírita, tratando o drama de uma criança, que é tido como esquisito, doente, esquizofrênico, quando na verdade, o que ocorria era que ele tinha uma sensibilidade e mediunidade, bastante afloradas, mas totalmente incompreendida e nem percebida por todos ao seu redor (ele via pessoas mortas à sua volta e conta o seu drama ao psicólogo, que tenta ajudá-lo a descobrir o que está por trás de seus distúrbios). Também promove uma reflexão sobre vida e morte e o que acontece depois que morremos, a possibilidade de que nossa vida continua, mas de uma forma diferente. Interessante!!! O filme acabou sendo um sucesso de bilheteria, arrecadando uma pequena fortuna, quando comparado com o orçamento.



Liderando nos EUA, o ranking semanal de público durante 6 semanas, sendo ainda a segunda maior bilheteria de 1.999, perdendo apenas para Stars Wars: a operação fantasma (Episódio II). No Brasil, foi líder absoluto  durante dois meses, sendo o filme que teve o maior número de expectador do ano. O sucesso do filme é justamente por abordar o assunto: vida após a morte. Não é possível saber o final, que acaba por surpreender o expectador do início ao fim. A história é instigante e comovente!!! O elenco está ótimo: Bruce surpreende como o terapeuta sensível e comprometido com seus pacientes (não mais o cara fortão, bonitão e "duro de matar", sempre envolvido com filmes de ação e perseguições, fugindo do padrão até então conhecido), Haley está perfeito, ele não só convence como impressiona, toca o coração de todos, em muitas cenas do filme e com isso, cai nas graças do público, ficamos todos apaixonados por ele. Logo após o seu lançamento, foi comparado aos trabalhos de Hitchcock, que é o famoso Mestre do Suspense do cinema. Na época muitos chegaram a afirmar que o diretor, poderia ser o seu sucessor. 

Indicações: Oscar 1.999, foi indicado para Melhor Filme, Diretor, Ator Coadjuvante (Haley), Atriz Coadjuvante (Tonny Collette), Edição e Roteiro Original, mas infelizmente não ganhou nada. Torci para que o Haley ganhasse, mas perdeu para nada mais e nada menos que Michael Caine, em Regras da vida, que também esteve brilhante. No Critic's Choise Awards de 2.000, Haley ganhou como Melhor Jovem Ator e Tonny Collette foi indicada como Melhor Atriz.
Curiosidades: o filme foi estrategicamente lançado mais cedo, ir ia estrear em outubro, mas o resultado animou tanto os executivos, que sua estréia foi antecipada em dois meses. O ator mirim Haley, foi impedido por sua mãe de assistir o filme por um  motivo simples, a censura era de 14 anos e ele só tinha 11 anos na época. Por dois anos o diretor e Bruce Willis trabalharam juntos, neste e depois no Corpo fechado em 2.000. O diretor também foi o roteirista. Música assinada por James Newton Howard e Fotografia precisa de Taki Fujimoto.
Recomendo para quem não viu, é ótimo na sua categoria.
Veja e comente!!!