domingo, 1 de julho de 2018

Me chame pelo seu nome



Diretor: Luca Guadagnino
Atores: Thimothée Chalamet, Arnie Hammer, Michael Stuhlbarg, Amira Casar, Esther Garrel
Gênero: Romance
Duração: 131 minutos
Ano: 2017



Sinopse: É verão de 1983 no Norte da Itália, e Elio Perlman (Timothée Chalamet), um garoto ítalo-americano de 17 anos, passa seus dias na casa de campo de sua família, datada do século 17, preguiçosamente transcrevendo música e flertando com sua amiga Marzia. Um dia, Oliver (Armie Hammer), um charmoso pesquisador americano de 24 anos, que está fazendo doutorado, chega na cidade para trabalhar como estagiário de verão encarregado de ajudar o pai de Elio (Michael Stuhlbarg), um renomado professor especializado em cultura greco-romana. Em meio ao esplendor ensolarado desse cenário, Elio e Oliver descobrem a beleza inebriante do desejo despertado ao longo de um verão que mudará suas vidas para sempre.



Amei este filme!!! Um tema polêmico, abordado com extrema sensibilidade, o desabrochar da sexualidade de um garoto, com a total compreensão e participação dos pais, Lindo!!! Elio é sensível e filho único, de uma família de intelectuais, com ascendência italiana e francesa, com uma forma de criação muito livre, leve, mas nem por isso desatenta. As locações são maravilhosas, fotografia linda e com a direção competente do diretor, vamos sendo transportados com naturalidade para a Itália, é  verão, muito calor, preguiça e gradativamente vai acontecendo o despertar dos sentimentos fortes, mas tudo sendo apresentado de forma sutil, mas com poderosa intensidade. Não li o livro, mas segundo informações, foi realizada uma adaptação com muita competência, e acredito que o tão falado "ritmo lento", de algumas críticas, seja uma parte essencial do filme, onde a mensagem é mostrar o desenvolvimento de algo que não pode ser dito e nem revelado de forma tão evidente, está sendo "descoberto". Daí a indicação do filme a Melhor Roteiro Adaptado, tendo como roteirista, James Ivory. Foi baseado no romance homônimo do escritor egípcio André Acinan. Li a descrição do filme realizada por um repórter do G1, que para mim foi perfeita, segundo ele: "o filme dá uma cara real, vibrante e próxima das duas coisas imateriais e difíceis de explicar, desejo e afeto. Retrata o primeiro amor de um jovem italiano por um estudante americano, mostrado com (pouco) açúcar e com (muito) afeto. Por isso se tornou um dos filmes mais elogiados do ano e muito cotado ao Oscar". Para mim aborda também a dualidade, o contraditório é apresentado o tempo todo, então passa a ser o fundamento das relações que se estabelecem no filme. A família é muito intelectual, falam três línguas com muita naturalidade, que recebem muitos convidados em sua casa, mas contrasta com a cidade que é pacata. Natureza bela e cultura, contraditórias, mas convivendo em plena harmonia, neste caso. Outro contraste apresentado é referente aos dois personagens principais, Oliver é como uma escultura, bonito, com porte atlético, admirado pelas moças da cidade, já Élio é franzino, quase passa despercebido, no entanto tem sede de contemplação pelo belo, e vai sendo consumido ao mesmo tempo pelo desejo e admiração em relação a Oliver. Suas roupas, são contrastantes, quando se compara o início com o final do filme, vai sendo mostrado a evolução de seus sentimentos, no início roupas claras, quase pastéis, mas à medida que seus sentimentos vão crescendo o tom das roupas também vai escurecendo, com presença de tons mais fortes. E finalmente os dois funcionam como polos (que se atraem), de um único/mesmo universo/objeto, a incerteza de um se funde na segurança do outro, por isso a questão do chamar pelo mesmo nome: o eu e o outro na verdade, somos um só. Para pensar: Sexo é parte da vida, pode ser vivido de forma simples ou complicada, com ou sem consequências, mas nenhum desejo pode ser satisfeito, sem ser vivido. Isso é fato!!!
O elenco está perfeito, maravilhosas interpretações, mas palmas especiais para Thimothée e Sthlbarg. Este garoto é bastante promissor. Música tocante, assinada por Sufjan Stevens.



Curiosidades: o filme foi lançado em 2017 no Festival de Sundance, EUA e logo foi visto no 42º Festival de Toronto, com ótima aceitação do público. em 2015, James Ivory disse ao The New York Times que ele planejava dirigir um filme que teria Shia LaBeouf e Greta Scachi estariam no elenco. No entanto em 2016, tudo mudou, ele passou a ser o roteirista e um dos produtores. Durante o Festival de Cinema em Londres, de 2017, o diretor afirmou que espera filmar uma sequência do filme em 2020. Tanto Thimothée quanto Hammer manifestaram interesse em participar da sequência. No livro, Élio e Oliver se reúnem 15 anos depois. Então vamos aguardar, ansiosamente, né??? O jovem ator Thimothée também trabalhou em outro filme indicado ao Oscar, Lady Bird, mas com um personagem completamente diferente do seu Élio.


Indicações e Premiações: recebeu 8 indicações no Critic's Choise Award, para Melhor Diretor, Ator, Ator Coadjuvante, Roteiro Adaptado e Cinematografia. No 75º Globo de Ouro foi indicado para Melhor Filme em Drama, Ator em Drama (Thimothée), Ator Coadjuvante em Drama (Hammer). Ao Oscar 2018, foi indicado para quatro categorias: Melhor Filme, Música Original, Ator e Roteiro Adaptado, vencendo nesta última indicação.         
Recomendo!!! Muito lindo e delicado.

Love Story - uma história de amor


Diretor: Arthur Hiller
Atores: Ali Mac Graw, Ryan O'neil, John Marley, Ray Millard, Katherine Balfour, Andrew Duncan, Tommy Lee Jones
Gênero: Drama
Duração: 99 minutos
Ano: 1970


Sinopse: Oliver Barret IV (Ryan O'neil), um estudante de Direito da Harvad, conhece Jenny Cavilleri, uma aluna de Música de Radclife. É amor à primeira vista, e eles decidem se casar. No entanto, o pai de Oliver, um multimilionário, não aceita tal união e deserda o filho. Jenny não consegue engravidar e descobre que está doente.

Mais um clássico do cinema, filmado em 1970, com músicas lindas de Francis Lai, inesquecíveis!!! Da era vinil, compacto duplo (ainda temos). Marcou a vida dos atores para sempre e a nossa também. Eu estava com 09 anos, quando chegou ao Brasil em 71, saí do cinema encantada... A famosa frase "Amar é nunca ter que pedir perdão" ou desculpas, não saia da cabeça, na minha tentativa vã de entender a profundidade disso, sendo que nem havia chegado na pré adolescência, enfim!!!

Robert Evans então diretor do grandioso Estúdio Paramount, emplaca este romance, protagonizado pela sua esposa, na época Ali e salva o estúdio de uma falência, pois já havia tentado outras produções mas não havia feito sucesso, os americanos estavam vivendo um momento meio que depressivo, pós guerra do Vietnã (diga-se o grande fiasco americano), com perdas gigantescas de jovens e abuso no uso de drogas. O filme parece que trouxe uma outra perspectiva, uma certa dose de alívio em suas dores. Elevando a moral do público jovem, o filme acabou sendo um mega sucesso, devolvendo a credibilidade e respeito ao estúdio. O público amou e foi lembrado por muitos anos.
O escritor Steven Segall era professor de Literatura Comparada em Oxford, Yale e Princepton, discutia com os alunos a estrutura clássica do romance, quando ouviu de um aluno uma história que acabou virando a base do filme. Na verdade, o livro foi sendo escrito simultaneamente com a realização do filme, que para o período foi rodado com um orçamento muito limitado. Um história simples, mas poderosa que arrebata corações, que trás uma mensagem de esperança nos bons valores da humanidade num período marcado pela guerra e extrema violência.


O filme inicia com uma reflexão: "o que é morrer uma garota que era linda, brilhante, que amava Mozart, Bach e eu???" E segue com muitas outras: o que é amor? Como se constrói uma relação com profundidade? Quais valores envolvidos? No filme o que fica claro é que a personagem de Ali, tinha uma ótima relação com o pai, ao passo que o do Ryan, não. Tinha uma relação conflituosa com o pai e ela pode lhe ensinar o que á amar. Os atores estão ótimos nos papéis, tornam o filme imperdível de ver ou rever, é realmente uma linda história de amor, composta por inúmeros erros e acertos, um drama real,"meloso na medida certa", onde mostra que nada dura para sempre e a capacidade de cada um de reagir diante das adversidades. Com muitas músicas maravilhosas e muitas cenas tocantes, adoro a que eles brincam na neve, fazendo o tão famoso "anjo na neve", acho que foi a primeira vez que vi neve em um filme, fiquei encantada!!!
Indicações e Premiações: Oscar 71, foi indicado para Melhor Filme, Diretor, Ator, Atriz, Ator Coadjuvante (John Marley) e Roteiro Original. Venceu na categoria de Melhor Trilha Sonora. Ao Globo de Ouro 71, teve indicação para Melhor Ator e Ator Coadjuvante e venceu pra Melhor Filme em Drama, Diretor, Ator em Drama, Roteiro Original e Trilha Sonora. No Prêmio Davis di Donatello 71 (Itália), venceu na categoria de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz Estrangeira. No Grammy Award 72, foi indicado para Melhor Trilha Sonora para cinema.

Curiosidades: na época Michael York, Jon Voight, Beau Bridges, Michael Serrazin e Michael Douglas recusaram o papel, alguns por incompatibilidade de agenda e outros por acreditarem que o filme,bem comoo personagem não tinham nada a ver com o momento. O'neil foi quem acreditou, aceitando o convite de viver Oliver Barret e teve sua vida transformada. Foi o filme que lançou o ator Tommy Lee Jones, então muito jovem, diferente do que estamos acostumados a ver. Em entrevista, O'neil informa que para fazer o personagem de Oliver, espelhou-se justamente em Lee e no político Al Gore. O guarda-roupa que a atriz usou no filme, virou moda por vários anos. O livro virou um Best Sellers internacional. E o casal foi convidado a contracenar, após 45 anos, em uma peça, ela com 76 anos e ele com 74. Juntos novamente na peça "Love Letters", em uma turnê nos EUA, que iniciou em outubro de 2015. Foi um sucesso!!! O filme teve uma continuação em 1978, A história de Oliver, mas nem de longe fez o sucesso de seu antecessor.
Recomendadíssimo!!! Não deixe de ver, é um filme atemporal.