segunda-feira, 17 de março de 2014

12 anos de escravidão


Diretor: Steve McQueen
Atores: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Benedict Cumberbatch, Paul Dano, Lupita Nyong'o, Brat Pitt, Michael k. Williams, Sarah Paulson , Paul Giamatti
Gênero: Drama
Duração: 133 minutos       


Ano: 2014

Sinopse: 1841, Solomon Northup(Chiwetwl Ejiofor) é um escravo liberto, que vive em paz ao lado da esposa e filhos. Um dia após aceitar um trabalho que o leva para outra cidade, ele é seuqestrado e acorrentado. Vendido como se fosse um escravo, Solomon precisa superar humilhações físicas e emocionais para sobreviver. Ao longo de 12 anos, ele passa por dois senhores, Ford (Benedict Cumberbatch) e Edwan Epps (Michael Fassbender), que, cada um à sua maneira explora os seus serviços.



Filme encantador, o diretor construiu uma poesia em forma de filme, com uma sensibilidade tocante, mostra o tema da escravidão de um ângulo radicalmente apresentado até então. É um filme muito doloroso, para mim com tema inédito, mas também honesto, não é apresentado para chocar, mas para sensibilizar, entender o que realmente aconteceu. O filme mostra todo o sofrimento físico e psicológico sofrido por Solomon Northup, que passa de homem livre, digno, com uma família, a escravo por um longo período, mas não é mostrado como um herói (mas certamente tem um herói dentro de si), onde demonstra todo seu sofrimento e angústia com intensidade equilibrada. O diretor faz algumas tomadas onde paralisa a cena, como que para que o expectador foque nos sentimentos apresentados, tornando assim a cena muito forte, mostra todos os desafios e traumas sofridos na escravidão. Foi baseado em um livro homônimo de memória escrito em 1853, que também foi a fonte do telefilme de 1984 American Playhouse Solomon Northup Odyssey, estrelado por Every Brooks. O diretor britânico McQueen diz: 'Todo mundo merece não só sobreviver, mas sim, viver". O filme teve vários produtores como Brad Pitt, John Ridley, Jeremy Kleiner; com composição musical de Hans Zimmer e Patrícia Norris assinando o Figurino (já indicada 5 vezes, mas nunca ganhou) e Diretor da bela fotografia (fiquei admirada por não ter sido indicada) é Sean Bobbitt. Curiosidades: É o terceiro filme do diretor como ator Michael Fassbender, depois de Hunger e Shame. McQueen queria escrever um roteiro sobre a escravidão, mas estava com dificuldade para escrever, até que foi presenteado pela esposa com a biografia de Solomon Northup. O ator Chiwetel Ejiofor, primeiramente  recusou a oferta do diretor para desempenhar o papel principal, mas depois percebeu que estava com um medo inicial, após McQueen ter dito a ele que o personagem de Solomon era um papel para a vida toda do ator. Quando aceitou, iniciou o processo de se preparar para o personagem: imergiu na cultura de plantio de Luisiana e foi aprender a usar e tocar violino. As filmagens na Luisiana duraram somente 35 dias e foram feitas com apenas uma câmera. É o filme que maraca a estréia de Lupita, que embora estreante teve um papel muito forte e determinante no filme, tanto é que acabou ganhando o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante. É a terceira colaboração cinematográfica entre Fassbender e Pitt, os dois atuaram em Bastardos Inglórios (2009) e O Conselheiro do crime (2013). O ator Michael K. Williams teve um colapso emocional durante algumas filmagens, viveu um estresse ao ter que recriar um material tão doloroso. A árvore onde Solomon vê vários homens sendo linchados, foi realmente utilizada para linchamentos e esta rodeada por túmulos de escravos assassinados. Junto com Gravidade, este é o primeiro filme a empatar como Melhor Filme no Producer Guild Awards. Ganhou o ADAM, Prêmio UPC Audience, na Semana de Cinema de Amsterdam. Foi indicado ao Oscar deste ano, para 9 indicações: Melhor Filme, Ator (Ejiofor), Ator Coadjuvante (Fassbender), Figurino, Montagem, Designer de Produção e ganhou nas categorias de: Melhor Filme, Atriz Coaduvante (Lupita) e Roteiro Adaptado. Recomendo. Muito bom, faz uma nova leitura da escravidão. Assista e comente.

sábado, 8 de março de 2014

Dança com Lobos


 Diretores: Kevin Costner e Kevin Reynolds
Atores: Kevin Costner, Mary McDonnell, Grahan Greene, Rodney A, Grant, Floyd "Red Crow" Westerman, Maury Claykin

Gênero: Drama
Duração: 180 minutos      

Ano: 1990

Sinopse: Durante a Guerra Civil Americana, um jovem soldado oficial da Cavalaria John Dunbar (Costner) pratica um ato ousado, é considerado he´roi e vai servir por sua escolha, em um lugar com forte predominância do povo Sioux- Dakota. Com o tempo, ele assimila os costumes dos nativos, acontecendo uma aculturação ao inverso. Acaba sacrificando sua carreira e os laços com o exército, em favor da sua ligação com este povo, que o adota.



Filme extraordinário, lindo e comovente, que apresenta com sensibilidade a busca de um homem pela sua verdadeira identidade. Baseado no romance de Michael Blake que faz questão de desmistificar a imagem de índios como homens selvagens ao mostrar um povo digno e honesto. O enredo retrata a difícil e violenta interação entre dois povos que vivem diferentes processos históricos, mostra a luta dos índios americanos Sioux pela sobrevivência e a crise consciência de um soldado americano (Costner), que se vê compartilhando dos interesses dos indígenas. É um filme espiritualista, que  nos transporta numa bela viagem ao interior do coração humano. Toca os nossos corações, fala sobre preconceitos, culturas diferentes, o valor da amizade, do respeito em aprender coisas novas, o amor à natureza e sem dúvida fala sobre como podemos nos tornar seres humanos melhores. O personagem Pássaro Esperneante (Greene) diz a Dunbar (Costner): "De todos os caminhos desta vida, existe um que realmente importa, é o caminho para o verdadeiro ser humano". John Dunbar, um homem que deixou seu lar para conhecer a fronteira inóspita e solitária, mas com tamanha e exuberante beleza, que acabou encontrando a si mesmo, além de fazer um aprendizado às avessas que enriqueceu sua vida para sempre. O filme tem uma equipe de produção de primeira grandeza: compositor John Barry, Desenhista de Produção Jeffrey Beecroft, Diretor de Arte William Ladd Skinner, Figurinista Elsa Zamparelli e  Montadores William Hoy, Clip Masamitsu, Steve Potter e Neil Travis. A fotografia é deslumbrante, das planícies e pradarias, com nascer e pôr-de-sol de tirar o fôlego e tem cenas de arrepiar, como: as da fogueira com a raposa, a caçada aos búfalos e a despedida final. E a trilha sonora feita especialmente para o filme, de Ennio Morricone. Foi indicado a várias premiações em 1991, Oscar, com indicação a Melhor Ator (Costner), Ator Coadjuvante (Greene), Atriz Coadjuvante (Mary), Direção de Arte, e Figurino e venceu nas categorias: Melhor Filme, Diretor, Roteiro Adaptado, Fotografia, Edição Trilha Sonora e Som. No Globo de Ouro, ganhou para Melhor Filme Drama, Diretor e Roteiro, sendo indicado a Trilha Sonora Original, Ator Drama e Atriz Coadjuvante. No Festival de Berlim, em 1991, o ator Kevin Costner ganhou o Urso de Ouro por Realização Individual. No BAFTA (Reino Unido)recebeu nove indicações, embora não tenha ganho nenhum, nas categorias de Melhor Filme, Diretor, Ator, Roteiro Adaptado, Fotografia, Edição, Som, Maquiagem e Trilha Sonora. Ao Prêmio César (Itália), recebeu indicação a Melhor Filme Estrangeiro. No Grammy 1982, venceu na categoria de Melhor Composição feita para filme. Recomendadíssimo, filme para ser visto e sentido do início ao fim.    

domingo, 2 de março de 2014

Clube de compras Dallas


Diretor: Jean-Marc Villée
Atores: Mathew McCounaughey, Jennifer Garner, Jared Leto, Steve Zahn, Denis O´Hare, Dallas Roberts, Griffin Dunne
Gênero: Drama
Duração: 117 minutos
Ano: 2014


Sinopse: Em 1986, o eletricista texano Ron Woodroof ( Mathew McCounaughey) é diagnosticado com aid e logo começa uma batalha contra a indústria farmacêutica. Procurando tratamentos alternativos, ele passa a contrabandear drogas ilegais do méxico.


Filme com excelentes atuações de Mathew McCounaughey e Jared Leto. Comovente!!! O filme que foi baseado em fatos reais, retrata o início do pesadelo dos anos 80, a época mais obscura da doença, onde houve quase que uma epidemia de pessoas portadoras do vírus HIV, com todo o preconceito da época, da falta de conhecimento e recursos terapêuticos e ainda, a ganância das grandes indústrias farmacêuticas. Mathew atua como o eletricista Ron, um machão convicto e homofóbico, que vivia uma vida desregrada e sem sentido, acaba se contaminando devido ao uso de drogas injetáveis e sexo sem preservação. Quando descobre a doença, contesta ferozmente, mas acaba se rendendo aos fatos com a chegada dos sintomas. Sua vida então começa a se transformar, passa a se informar sobre o assunto e inicia um batalha contra o monopólio das indústrias farmacêuticas, com o famigerado AZT, investigando drogas alternativas no México, Amsterdã, China e Japão. Mathew cria um personagem difícil e complexo, mas com total segurança, demonstrando um controle absoluto sobre a transição vivida pelo personagem, do início ao fim: inicialmente se mostra apodrecido na aparência e caráter, mas via se transformando, sem se tornar caricata, ainda tem preconceito, mas acaba percebendo que afinal de contas, tem mais afinidade com o travesti Rayon (Leto) que se torna seu parceiro de empreitada, que com os amigos que costumava conviver. É muito bom ver a transformação de pessoa irresponsável a contrabandista e depois a ativista, pois só via a si mesmo e passa a considerar as necessidades dos outros. É um show de filme, meu preferido na concorrência a premiação do Oscar 2014, bem como Mathew, para melhor ator, (que neste filme não tem nada de sexy e sedutor como costume ser). Esta concorrendo nas categorias de Melhor Filme, Ator, Ator Coadjuvante, Roteiro Original, Montagem e ainda Maquiagem e Penteado. Vamos aguardar para ver os resultados. Curiosidades: o ator Mathew é realmente texano e teve que se submeter a uma dieta radical, para perder 20 kg. O ator e cantor Jared Leto também se dedicou ao papel e perdeu 18 kg. O roteiro é de Craig Borten e Melissa Wallanck (Espelho, espelho meu). Jared Leto, ignorou o convite oferecido por um amigo, para ser o personagem principal deste filme a 15 anos atrás, projeto que na época acabou sendo engavetado. Atualmente conquistou o papel do travesti Rayon, ao fazer um teste informal com o diretor, segundo ele, passou um batom e ficou 20 minutos flertando com o mesmo. E que no dia seguinte foi informado que o papel era seu. Que para compôr seu personagem, teve longas conversas com travestis, que teriam sido "muito generosos com ele". O Resultado foi realmente muito bom, cria um personagem autêntico, que se apresenta leve apesar de perturbado e viver em conflito constante, mas de forma muito sensível, convincente e com muita personalidade. Recomendadíssimo!!!