domingo, 29 de setembro de 2019

O céu pode esperar


 Diretor: Warren Beatty e Buck Henry
Atores: Warren Beatty, Julie Christie, James Mason, Jack Warden, Charles Grodin, Dyan Cannon, Buck Henry
Gênero: Comédia
Duração: 101 minutos
Ano: 1978


Sinopse: Joe Pendleton (Warren Beatty) jogador do Time de Futebol Americano Los Angeles Rams, morre em um acidente de carro. Na vida após a morte, Joe descobre que seu Anjo Guardião o tirou de seu corpo prematuramente, e ele ainda tem mais anos para viver na Terra. Incapaz de retornar para seu corpo, Joe assume a forma de um ganancioso multimilionário, Léo Farnsworth. Como Léo, Joe tenta voltar para o futebol e conhece e se encanta por uma ativista ambiental, Betty Logan (Julie Christie).


Uma delícia de ver, divertido e intrigante ao mesmo tempo. Baseado na peça dede Harry Segall. E é uma refilmagem do Que o céu espere, de 1941, com Robert Montgomery e Claude Rains, nos papéis que foram de Beatty e Mason, mas apesar de ser um remack, vários personagens e situações são completamente novos, não repetindo a versão de Alexander Hall, apesar de alguns detalhes conservados, como o fato de, nos dois filmes, os protagonista também ser músico, além de atleta. O personagem Joe, é mandado acidentalmente para o Paraíso, décadas antes de sua hora (na época não conhecia o Espiritismo codificado por Allan Kardec e hoje sei que este erro, não é possível), por um Anjo ansioso. Quando o erro é percebido, ele tenta voltar para a Terra, e descobre que seu corpo foi cremado, e não teria como voltar. Interessante, pois segundo o Espiritismo, reencarnamos de novo na Terra, mas nunca com o mesmo corpo, a mesma roupagem, nascemos as vezes num local, diferente em condições muito adversas da anterior: não tendo o mesmo porte físico, saúde, condição sócio econômica e cultural e até mesmo podemos ter gênero diferente. Então, no filme Joe (dedicado Quaterback, em preparação para uma super disputa, o Superbowl) provisoriamente começa a habitar o corpo de um mega industrial que faleceu. Mas agora, suas atitudes são muito diferentes, claro, do antigo industrial e aí começam os muitos e hilários conflitos.
Com música de Dave Grusin. Direção de Fotografia, assinada por William A. Fraker.
Este filme concorreu a várias categorias, ao Oscar 1978, mas concorreu com grandes filmes também, como O franco atirador (vencedor), Amargo regresso, O expresso da meia noite e Uma mulher descasada (este não vi). Realmente assim ficou difícil!!!


Adoro a cena de Déjà vu (é um galicismo que descreve a reação psicológica da transmissão de ideias de que já se esteve naquele lugar antes, já se viu aquelas pessoas, ou outro elemento externo. O termo é uma expressão da língua francesa que significa: "Já visto”). 
Faz com que pensemos em muitas situações já vividas por nós mesmos, em algum momento de nossa existência. E fica a pergunta que não quer calar, será que é sou um fenômeno? Ou uma recordação de uma outra existência, em outro tempo???


As indicações foram para Melhor Filme, Ator, Diretor, Ator Coadjuvante (Jack Warden), Atriz Coadjuvante (Dyan Cannon), Música Original (perdeu para nada mais, nada menos que Giorgio Moroder em O expresso da meia noite), Roteiro Adaptado e Fotografia. Vencendo na categoria de Direção de Arte (Paul Sylbert e Edwin O'Donovan). Ao Globo de Ouro, venceu nas categorias  de Melhor Filme Comédia/Musical, Ator em Comédia /Musical (Beaty) e Atriz Coadjuvante em Comédia /Musical (Dyan Cannon).
Curiosidades: Beatty neste filme é produtor, co-diretor e co-roteirista junto com Elaine May.
Houveram 3 versões: a primeira já citada em 1941: Que espere o céu e uma nova versão produzida em 2001,  de Chris Weitz e Paul Weitz, com Chris Rock, Regina King e Chazz Palminteri.
Inicialmente era intenção de Beatty,que o protagonista fosse novamente um boxeador e ser interpretado por Muhammad Ali. Porém devido a problemas na agenda de Ali, Beatty refez o roteiro de forma a transformar o personagem em um jogador de futebol americano, para que ele mesmo pudesse interpretá-lo.
Recomendo!!! Os fãs do estilo vão amar, como eu. Assista e comente!!! 

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Nasce uma estrela



Direção: Bradley Cooper
Atores: Lady Gaga, Bradley Cooper, Sam Eliott, Andrew Dice Clay, Rafi Gavron, Anthony Ramos, Dave Chappelle, Ron Rifkin
Gênero: Drama
Duração: 136 minutos
Ano: 2019



Sinopse: Jackson Maine (Bradley Cooper) é um cantor no auge da fama. Um dia, após deixar uma apresentação, ele pára em um bar para beber algo e é quando conhece Ally (Lady Gaga), uma insegura cantora que ganha a vida trabalhando em um restaurante. Jackson se encanta pela mulher e seu talento, decide então acolhê-la debaixo de suas asas. Ao mesmo tempo em que Ally ascende ao estrelato, Jackson vive uma crise pessoal e profissional devido aos problemas com o álcool.
 
Esta é a quarta versão deste filme, as outras versões foram em 1937 (Janet Gaynor e Frederic March), 1954 (Judy Garland e James Mason), 1976 (Barbra Streisand e Kris Kristofferson; sendo que Elvis Presley foi cotado para fazer o personagem principal, John Norman Howard). Sendo que nos dois primeiros se passam nos bastidores do cinema e nos dois últimos, o pano de fundo é o mercado musical. Apesar das apresentações serem um pouco diferentes, a essência é a mesma, retrata temas universais como luto, superação, triunfo e decadência. Mas neste último ocorre um maior aprofundamento no mundo mental dos personagens, suas relações familiares e o que pode ter desencadeado os transtornos afetivos e psicológicos do personagem de Maine.


Cooper claramente apaixonado por esta história, decidiu "pagar para ver" e assumir esse risco: além de interpretar o protagonista, ele escreveu o roteiro, produziu o longa e assina a direção. E como nem sempre as famosas cantoras transitam para as telas e se dão bem, quando Lady Gaga foi escolhida para o papel, o mundo olhou com descrédito para a escolha. Mas no final,Gaga provou que a escolha foi acertada, sua Ally foi muito bem construída. A história, mesmo não sendo inédita, desta vez parece cativar mais o público, acredito que seja por mostrar os "astros" como pessoas normais, por trás dos bastidores: Maine é apresentado como um homem relativamente frágil, onde demonstra sentir sentimentos comuns como a vaidade, o ciúme, medo, competição e principalmente sendo muito influenciado pelo meio em que vive e no meio em que foi criado, um ambiente pernicioso (órfão de mãe, pai alcoólatra e irmão mais velho ausente). E também é muito suscetível a opinião do outro, demonstrando uma fragilidade emocional muito grande que o leva a melancolia e depressão. Quem nunca passou por isso em pelo menos um período em sua vida, de muita insegurança e vulnerabilidade???  Já a protagonista, Ally se apresenta mais forte, mais bem resolvida psicologicamente e se mantém firme em seus propósitos e continua com a parceria com Maine, mesmo quando é aconselhada a se afastar dele, ao contrário, continua acreditando nele, mesmo após inúmeras crises. É uma história densa e envolvente, sem dúvida!!!


Este roteiro de Cooper não propriamente baseado em uma única história real, mas é o resultado de uma narrativa que circula nos bastidores do universo dos famosos há décadas. No filme, vemos um casal passando por conflitos, movidos por sentimentos comuns a todos nós: inveja, posse, raiva, medo. Se apresentam tão reais, que não tem como não se identificar com eles, daí o enorme sucesso!!! Em relação às cancões, não poderia deixar de comentar, são lindas, né? As que Maine canta, foram compostas por Cooper e por Lukas Nelson. Já Gaga é responsável pela composição musical do longa e mais, serviu como "coach" de Cooper, que informa nas entrevistas de divulgação, que dois fatores foram fundamentais e contribuíram muito para que ele tivesse coragem de cantar no filme: muita prática (trabalhou quase que em tempo integral com Roger Love) e o talento e conhecimento musical de Gaga. Houve desde o início uma admiração mútua e respeito entre Bradley e Gaga, o que facilitou a química entre os personagens.Gaga disse no Fandango: "ele me aceitou como atriz e eu o aceitei como músico...foi emocionante para mim, vê-lo se transformar em um músico".
Curiosidades: Cooper era conhecido em papéis mais mediano como na franquia Se beber, não case e por ser a voz do Rocket Racoon, na franquia Guardiões da Galáxia. Neste filme marca sua estréia como produtor, um dos roteiristas e ainda diretor, sendo que o projeto inicial era para ter Clint Eastwood como diretor e Beyoncé como Ally, em 2011. Cooper só assumiu em 2015, mas a liberação do filme pela Warner Bros. foi no final de 2016, e em 2017 começaram as produções na Califórnia. Como as cenas onde aparece o público, foram praticamente todas filmadas no Festival de Música de Coachella, em 2017, quando Gaga atuou com destaque. E todas as canções foram gravadas ao vivo, essa teria sido a maior exigência da cantora. Para viver Maine foram cogitados nomes como Leonardo DiCáprio, Christian Bale, Tom Cruise e Will Smith, mas não houve acertos. E a grande inspiração de Jackson Maine, é o vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder, que é um nome importantíssimo no mundo musical, mas que ao ser contactado não se tornou um grande incentivador da idéia do remake, mas depois de de uma insistência acirrada de Cooper aderiu ao projeto, que o bombardeou com perguntas, para que pudesse compor o personagem, e ele contou pequenos detalhes que só músicos conhecem (questões de estéticas e trejeitos). E no filme, realmente a aparência de Jackson, seu comportamento no palco, até mesmo o tom de voz, prestam bela homenagem ao líder do Pearl Jam. Houveram participações especias no longa como Rebecca Field que interpreta Gail, enquanto o grupo Lukas Nelson & Promise of the Real aparecem como a banda de Jackson. A drag queen americana Shangela Laquifa Wadley, o ator Greg Grumberg, a cantora Halsey e ainda o ator Alec Baldwin, também fazem aparições no filme.


Cooper dedicou o filme a Elizabeth Kemp, sua mentora, que faleceu em 2017.
Tem a Fotografia assinada por Mathew Libatique. Diretoras de Elenco: Lindsay Graham e Mary Vernieo e Designer de Produção: Karen Murphy.
Indicações e Premiações: indicado ao Globo de Ouro em várias categorias: Melhor Filme em Drama, Diretor, Ator em filme Dramático, Atriz em filme Dramático e ganhou o prêmio de Melhor Canção Original por Shallow (Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyat). Ao BAFTA, ganhou também em Melhor Trilha Sonora Original. Ao Oscar, foi indicado a sete categorias, para Melhor: Filme, Atriz, Ator, Ator Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Fotografia, Mixagem de Som e venceu na categoria de Canção Original. Ao Grammy, a música Shallow, venceu nas categorias de Dueto e Melhor Canção.
Recomendo!!! Amo a versão de 76, mas esta é realmente mais comovente, é um drama trágico, emocionante e real.