sábado, 23 de maio de 2020

História de um casamento


Diretor: Noah Baumbach
Atores: Scarlett Johansson, Adam Driver, Laura Dern, Ray Liotta, Azhy Robertson, Julie Hagerty, Merrit Wever
Gênero: Drama.
Duração: 137 minutos.
Ano: 2020

Sinopse: Nicole (Scralett Johansson), e seu marido Charlie (Adam Driver) estão passando por muitos problemas e decidem se divorciar. Os dois concordam em não contratar advogados para trtar do divócio, mas Nicole muda de idéia após receber a indicação de Nora Fanshaw (Laura Derna), especialista no assunto. Surpreso com a decisão da agora ex-esposa, Charlie precisa encontrar um advogado para tratar da custódia do filho deles, o pequeno Henry (Azhy Robertson).


Um filme despretencioso e que no fim agrada muuuito, com excelente roteiro, presença de uma abordagem ao mesmo tempo sensível, mas realista, apresentando conflitos reais e a perda do controle diante de algumas situações, onde se acreditava ter feito as melhores escolhas. Elenco afinado, com interpretações memoráveis, daí as três indicações nas categorias principais, além da indicação de filme e roteiro original. Charlie, diretor de teatro em ascenção, Nicole, atriz primorosa que deixou sua sua carreira para segundo plano, para cuidar do marido e do filho. Num momento se vêem num conflito na relação construída por ambos, a relação está desgastada e com a iminência do divórcio, os dois precisam encontrar uma forma de sobreviver ao doloroso processo. Mas quando envolvem outras pessoas no processo (advogados), ocorre um total mudança na trajetória do conflito. Sendo que o desfecho é maravilhoso e surpreendente. Acompanhamos e sofremos com cada personagem, pois cada um tem suas angústias e motivações para a separação e isso foi retratado com esmero pelos dois protagonistas, "Sentimos"  seus sofrimentos e ficamos torcendo por um desfecho feliz. Mostra as dicotomias de uma separação, um questionamento de como um casal que aparentemente se amava tanto caminhou para uma separação, o amor acabou?


E vemos claramente também e considerando que ainda vivemos em pleno Século XXI, mas a sociedade ainda é muito Patriarcal, no filme fica bem claro, as desvantagens que uma mulher possui pelo simples fato de ser mulher, na hora do divórcio. Fato!!! E o quanto ainda a mulher se anula, enquanto pessoa e profissional em função de outros papéis que exerce, principalmente como o de esposa e mãe. Particularmente acredito que é desta forma que nós mulheres estamos adoecendo cada vez mais, ao deixarmos para depois, os nossos sonhos e realizações, ao não olharmos com mais atenção para nós mesmas, nossas verdades e desejos.

Trilha Sonora impecável que serve de pano de fundo para apresentar bem os momentos de dor e tensão, tendo como diretor responsável Randy Newman. Figurinista Mark Bridges.
Curiosidades: Noah além de diretor também responde pela Roteiro e Produção. 
Selecionado na mostra "Competição!, no Festival de Veneza de 2019.
Foi líder na indicação a premiação Globo de Ouro de 2019.
Entre os expectadores, paira a dúvida se o diretor  Noah teria se inspirado no seu divórcio com a atriz Jennifer Jason Ligth anos atrás, para compor seu filme. Ele nega a associação e diz que usa no longa-metragem, apenas alguns detalhes autobiográficos.


Indicações e Premiações: ao Globo de Ouro, indicado para Melhor Filme em Drama, Ator, Atriz, Atriz Coadjuvante em Drama, Roteiro de Cinema, Trilha Sonora. Mas só venceu para Atriz Coadjuvante (Laura Dern).



Ao Oscar 2020, também teve praticamente as mesmas indicações e Laura Den ganhou para Melhor Atriz Coajduvante.
Ao Critic's Choice Award teve as mesmas indicações e ao BAFTA também, e as mesmas premiações.
Recomendadíssimo!!! Muito intenso e real, sem personagens clichês.





domingo, 17 de maio de 2020

Somente elas



Direção: Herbert Ross
Atores:  Woopi Goldberg, Mary-Louise Parker, Drew Barrymore, Mathew McConaughey, Billy Wirth, James Remar
Gênero: Drama
Duração: 116 minutos
Ano: 1995

Sinopse: Jane Deluca (Woopi Goldberg), uma cantora de casa noturna, é despedida e, visto isso, responde a um anúncio de Roben Nikerson (Mary-Louise Parker), que por enfrentar um sério problema deseja alguém para atravessar o país com ela. No caminho, param em Pittsburg e Holly Pulchik (Drew Barrymore), uma amiga de Jane, decide ir junto, após uma briga séria com Nick (Billy Wirth), seu namorado. Apaesar de terem comportamentos bem distintos e entrarem em choque, elas se sentem como se fossem uma família, enquanto tentam lidar com seus fantasmas. 


Filme tocante que aparentemente parece simples, daqueles que pensamos em assistir só para mero entretenimento, tipo como se diria anteriormente, "sessão da tarde", mas a medida que vamos vendo, ficamos encantados. Tem um enredo muito bom, onde aborda o valor da amizade, de como pessoas tão diferentes, com seus dramas individuais, podem encontrar e descobrir afinidades que fará toda diferença na vida de cada uma delas, acabando por criar laços fortes e duradouros. Semelhante ao que acontece na animação que amo: A era do gelo, onde a mensagem clara é de que é possível se formar família/bando, sem necessariamente ser da mesma espécie. Lindo demais!!! E claro, que a esta relação especial não é construída do dia para a noite e nem idealizada como gostaríamos, mas é possível!!! O elenco está de primeira, temos Jane (Woopi) excelente, como sempre, na pele de uma cantora negra e que está desempregada; Robin (Mary-Louise), uma agente imobiliária branca, que guarda um segredo; Holly (Barrimore) também branca que está tentando sair de um relacionamento difícil com o namorado, e o "gato" do Mathew, fazendo o policial Abe Lincoln. O roteiro de Don Roos agrada, onde três  mulheres saem em uma aventura por vários estados americanos em busca de compreensão, liberdade e respeito. Filme que mostra a força do protagonismo feminino em plena década de 90, o que não deve ter sido algo fácil, o diretor Ross conseguir gravar e contar sua história, trazendo a reflexão temas ainda tão polêmicos até então (e de certa forma, ainda é até hoje) e de maneira tão adulta. É um filme que poderia ter sido muito bem divulgado, ter tido mais valor e aceitação, mas que deve ter tido muitas barreiras e assim, passou quase que despercebido pelo expectador, por abordar de forma inteligente e sutil, temas e suas nuances, de racismo, homofobia e 
relacionamentos abusivos. 


Tem excelentes músicas e trilha sonora (You got it, de Bonnie Railt; Somebody stand by, de Stevie Nicks; Everyday in like sunday, de The pretenders; Dreams, de  The cranberries e outros, tendo como Diretor musical, David Newman. Fotografia de Donald E. Thorin.
Curiosidade: o filme em Portugal teve a tradução para Homens à parte. Acabou tendo uma bilheteria bem discreta e proporcional ao seu gasto, por pura falta de interesse em sua divulgação.
Indicações e Premiações: Prêmio GLAAD Média, de Melhor Filme Marcante e Melhor Atriz Woopi Goldberg.

Filme leve, divertido e muito envolvente. Recomendo!!!

sábado, 2 de maio de 2020

Um grito de liberdade

 


Diretor: Richard Attenborough
Atores:  Denzel Washington, Kalvin Klein, Penelope Wilton, Kevin Mc Nally, Josette Simon, John Hargreaves, Julian Glover
Gênero: Drama
Duração: 157 minutos
Ano: 1987

Sinapse: Donald Wood (Kevin Klein) [e editor chefe do Jornal Daily Dispatch na África do Sul. Ele tem escreito diversas críticas sobre a visão de Steven Biko (Denzel Washington), militante negro que luta contra o "aparatheid". Mas depois de conhecer Biko pessoalmente, muda sua opinião. Eles passam a se encontrar com frequência e isso significa que Woods e sua família começam a receber uma atenção especial da polícia local. Woods acaba por escrever uam biografia do militante, porêm, a única forma de ter seu livro piblicado, é saindo do país.



Mais um filme que para mim foi muito marcante, por apresentar o tema racismo. Sou muito sensível quando a abordagem são discriminações/preconceitos, costumo referir que as minhas vivências na fase infanto-juvenil tive experiências incríveis, somadas a uma educação "mais mente aberta", tive a oportunidade de conviver com uma gama enorme de pessoas significativas, ainda que cada uma à de sua maneira, o que possibilitou e me foi possível ampliar este leque de aceitação da figura humana, sem as limitações criadas por uma sociedade preconceituosa em relação a raças, credo, gênero e condição social e de saúde. Então quando entro em contato com isso, ainda que seja na ficção, fico muito "mexida emocionalmente", acreditando estar diante de algo inaceitável e de uma crueldade sem tamanho. 
O filme foi dirigido por Attenborough, já nosso conhecido por outros filmes memoráveis como Gandhi (1.982) e Chaplin (1.992) e fez mais esta obra-prima! Retrata a amizade sincera entre Woords (jornalista branco) e Biko (ativista negro), que acaba por quebrar todas as barreiras  das cores, raças e crenças e que cresceu em laços humanos. O filme realmente impressiona, somos tocados profundamente pelo drama vivido pelos negros na África do Sul (claro que aqui no Brasil não tenha sido menos dolorosa e vergonhosa a escravidão, mas o que choca é que lá, eles foram obrigados a viver, como se fossem "estrangeiros", dentro de seu próprio país), nas condições quase não humanas do "Apartheid" (separação, regime de segregação racial, implementado em 1948 pelo pastor protestante Daniel François Malm, que era branco e então, Primeiro Ministro na época, que fazia parte do Império Britânico que dominou os territórios dos nativos e relegou o povo a perder todos os direitos de cidadão, na saúde, educação e em tudo, implementando uma brutal discriminação racial, acabando por segregá-los a assentamentos isolados. O regime foi adotado pelos sucessivos governos do Partido Nacional até 1994, quando houve a realização, depois de muitas negociações e interferências políticas  internacionais, de eleições multirraciais e democráticas, sendo vencidas pelo Congresso Nacional Africano, sob a direção de Nelson Mandela). Foi um período que ficou marcado na história da Humanidade, o quanto o ódio racial pode causar danos psicológicos e afetivos, que deixam sequelas para sempre.


As músicas são lindas e envolventes, tendo como responsável George Fenton e Jonas Gwangwa. O roteiro foi idealizado por John Briley, baseado nos livros de Donald Woods. Os dois atores principais, Klein e Denzel, estão impecáveis em suas atuações, imprimindo um sentimento em nós de profunda admiração e respeitos mútuos.
Foi o primeiro filme que eu assisti com o Denzel e saí pensando do cinema, além de o achar lindo, que ele iria fazer muito sucesso, pois teve uma atuação perfeita, uma de suas interpretações  mais marcantes para mim, como o personagem Biko. Algo semelhante ocorreu quando vi o "nosso" Lázaro Ramos em Madame Satã (2002), pela primeira vez. Fiquei surpresa! Filme impactante e sai "apaixonada" por Lázaro, pela força de seus belos olhos negros e pela força de seu olhar; e pensei: este ator vai simplesmente "bombar" na sua carreira!!! E não é que acertei na predição dos dois!!! Rsrsrs Ambos são extremamente admirados e respeitados como atores, reconhecidos no mundo todo. 
Curiosidades: este filme pertence a uma coletânea de imagens filmadas por um grupo de jornalistas que cobriu a guerra da África do Sul, nos anos 1980. Foi rodado em locações principalmente no Zimbabwe, devido â turbulência política na áfrica do Sul, no momento da produção.
Segundo o diretor, alguns dos integrantes do elenco são exilados da África do Sul.
Indicações e Premiações: foi indicado ao Oscar 1988 nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Denzel), Canção Original e Trilha Sonora Original, mas infelizmente não levou nenhuma estatueta.
Ao Globo de Ouro, foi indicado para Melhor Diretor em cinema, Filme Drama, Trilha Sonora Original em cinema,  Ator de cinema em drama (Denzel Whasington).
Ao Grammy em 1989, foi indicado na categoria de Melhor Canção escrita para o cinema (Cry Freedom).

Ao BAFTA: foi indicado nas categorias de Melhor Filme, Direção, Ator Coadjuvante (John Traw), Fotografia, Edição e Trilha Sonora. Venceu na categoria de Melhor Som.
No Festival de Berlim em 1988, recebeu o Prêmio da Paz - Menção Honrosa. 
Recomendo! Muito convincente e comovente!!!

1.917

Diretor: Sam Mendes
Atores: George Mackay, Dean-Charles Chapman, Mark Strong, Andrew Scott, Richard Madden, Benedict Cumberbatch, Colin Firth, Daniel Mays, Claire Duburcq
Gênero: Guera
Duração: 119 minutos
Ano: 2019

Sinopse: Os cabos Schofield (George Mackay) e Black (Dean-Charles Chapman) são jovens soldados britânicos durante a Primeira Guerra Mindial. Eles são encarregados de uma missão praticamente impossível, os dois precisam atravessar o territótio inimigo, lutando contra o tempo, para entregar uma mensagem que pode salvar cerca de 1.600 colegas de batalhão.

Filme interessante, principalmente no seu modo como foi narrado, o diretor que também fez a co-produção e foi co-roteirista, apresenta uma estratégia audaciosa: filmagem em dois planos-sequência, que cria a ilusão de um movimento contínuo, filmando com tomadas longas, com menor quantidade de cortes, prendendo assim a atenção de quem está assistindo e passa a sensação de imersão, como se estivéssemos lá, junto com os personagens. O roteiro em si é relativamente simples, mas foi apresentado de forma genial por Mendes, que foi inspirada numa história contada por seu Avô paterno Alfred Mendes, de dois jovens soldados britânicos durante a Primeira Grande Guera Mundial, aos quais foi dada a missão de transmitir uma mensagem alertando a emboscada contra os compatriotas, que seria realizada pelos alemães, logo após a sua retirada para a Linha Heideinberg, durante a Operação Alberich, em 1.917. Mendes em uma entrevista diz: "que essa história ou fragmento permaneceu comigo e que claro, depois fiz uma ampliação e mudanças enormes, mas a essência está lá". O filme é uma homenagem a seu Avô, que lutou nesta guerra e que chegou a escrever um livro de memórias, sobre sua participação neste evento. E que nenhum dos personagens existiu na realidade, ainda que algumas pessoas suspeitem que o personagem Black, foi inspirado em seu Avô.


O filme apesar de ser ambientado na guerra e este fato é mostrado de forma impecável, nas cenas das desolações e sofrimentos nas trincheiras, em tantas correrias, estresses, mortes e mutilações, trás uma ênfase nos dois jovens soldados (cabos), que estão vivendo os horrores da guerra pela primeira vez: surpresas e angústias, onde cada um enfrenta a situação como consegue, com seus altos e baixos, mas tentam fazer o seu melhor. E tudo foi apresentado com muita delicadeza e humanidade, parecendo que Mendes deseja mostrar a história sobre o homem e não precisamente sobre a guerra, a batalha desoladora em si. O que me fez lembrar do filme do filme Além da linha vermelha (1.998, de Terence Malick), que mostra intensamente como cada um indivíduo vivencia a guerra, e qual a motivação que cada um tem para sair dela, o desejo de cumprir com seu papel no drama coletivo, mas também um desejo em potencial, de poder voltar para casa, seu país e sua família.


Tem como Diretor de Fotografia Roger Deakins. Cenografia assinada por Denis Gassner e Figurino de David Crossnan e Jaqueline Durran.
Curiosidades: o longa se passa em um cenário verdadeiro, a Primeira Grande Guera Mundial, transcorreu de 1.914 a 1.918, no continente Europeu, principalmente ao norte da França, onde mais de 17 milhões de pessoas morreram no conflito.

A Sétima Arte, abordou mais o tema guerra, tendo por base mais comum, a Segunda Grande Guerra Mundial e não a Primeira.
As filmagens ocorreram entre abril e junho de 2.019, na Inglaterra e Escócia.
O ator Tom Holland (Homem Aranha)  esteve em negociação para o filme em setembro de 2.018, embora no fim das contas, não ter se envolvido no projeto.
Indicações e Premiações: teve 10 indicações ao Oscar 20, para Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Trilha Sonora Original, Maquiagem e cabelo, Direção de Arte e Edição de Som. Venceu para Melhor Fotografia, Efeitos Visuais, Mixagem de Som.
Ao Globo de Ouro foi indicado para Melhor Trilha Sonora Original e venceu para Melhor Filme Drama e Diretor.

Ao BAFTA: como o filme tem uma parceria com o Reino Unido, teve 8 indicações: Melhor Filme, Direção, Designer, Filme Britânico, Fotografia, Som e Efeitos Visuais e venceu em todas, só não venceu em Melhor Maquiagem e Cabelo.
Gostei, recomendo! É um filme impressionante!