domingo, 7 de fevereiro de 2016

Como água para chocolate


Diretor: Alfonso Arau
Atores: Marco Leonardi, Lumi Cavazos, Regina Tomé, Mario Iván Martinez, Claudette Mailé, Ada Carmasco, Yareli Arizmeni
Gênero: Drama
Duração: 123 minutos   


Ano: 1993

Sinopse: Tita (Lumi Cavazos) nasceu na cozinha do rancho de sua família, quando sua mãe (Regina Tomé) estava cortando cebolas. Logo em seguida seu pai morre de um ataque cardíaco fulminante, por ter sua paternidade questionada. Com isso Tita é vítima de uma tradição local, que dez que a filha mais nova não pode se casar para que cuide de sua mãe até a sua morte. Ao crescer, Tita se apaixona por Pedro Muzquiz (Marco Leonardi), que deseja se casar com ela. Sua mãe veta o matrimônio devido a tradição, e sugere que se case com Rosaura (Yarel Arizmendi), a irmã dois anos velha que Tita. Pedro aceita, pois apenas assim poderá estar perto de Tita.

  
Vivenciamos uma experiência fantástica enquanto vamos assistindo ao filme, embora delicado e sensível, é capaz de nos tocar de uma mameira incrível, através de sua fotografia (luzes e cores), combinadas com um trilha sonora e atuação perfeitamente combinadas dos atores, vamos "vivendo e sentindo" junto com os personagens, todas as muitas emoções que sentiam, que passam na história, como diz meu querido Amigo Dannon: "vivenciamos uma experiência sinestésica" (a ardência das cebolas, o calor provocado pela pimenta, sua dor devido a perda, o despertar da sensualidade, a angústia do desejo contido, o amor proibido...). Vimos este filme juntos. Onde o personagem de Tita demonstra todo o seu amor por Pedro, através dos pratos que prepara, e que devido à sua força, atravessa décadas. É um filme mexicano, com roteiro de Laure Esquível, baseado em romance homônimo de sua autoria. O filme convida a uma reflexão, o significado da comida e a relação que estabelecemos com ela (praticamente todas as nossas relações sociais, familiares, amorosas estão relacionadas com comidas, com pratos preparados para encantar e satisfazer, não só o paladar). Nos faz pensar sobre como os valores e regras que nos são impostos culturalmente, determinam a vida de cada um. No filme, a história é contada pela sobrinha-bisneta de Tita, através de um livro de receitas que é passado das gerações de mulheres da família. Ambientado no início do século XX, em um contexto de guerra (Revolução Constitucionista). A atmosfera criada pelo diretor, fotógrafos (Steves Bernstein e Emmanuel Lubezki) e montador Carlos Bolada, permite intervenções surreais que nos levam a construções da história (tristeza, paixões). O personagem central, Tita, passa toda a sua vida entre aromas e sons dos alimentos na cozinha, que era o único lugar de aconchego, onde os pratos eram preparados pela cozinheira e amorosa amiga Nacha. Tita então desenvolve gosto em preparar os alimentos com carinho e dedicação, transformando-o em comida e que permite o desenvolvimento de afetos e sensações, naqueles que tinham o prazer de desfrutar de seus maravilhosos pratos. E como foi privada de viver seu amor, a comida passou a ter um papel importante, ao preparar os alimentos, ela podia liberar os sentimentos aprisionados e também sentir prazer através do ato de comer, uma vez que outros prazeres da vida não podia desfrutar. Pela comida, transmitia a Pedro, algo que era negado  manifestar.



Através da comida amou Pedro profundamente, encontrando um meio de comunicação entre ambos. Tita passa para a comida, tudo o que está sentindo e possibilita aos outros, sentir, toda a gama de emoções, criando um clima interessante na história. É o retrato da maneira intensa com que as pessoas tem que enfrentar muitas proibições, contendo um amor, que não podia se concretizar naquela época. Para mim, a história peca um pouco, devido a postura de Pedro, que se mostra um tanto fraco e submisso em relação à imposição feita pela mãe de Tita (criando uma convenção local), quando poderia ter tido uma posição diferente, de enfrentamento. Curiosidades: em 1994, a revista mexicana Somos, inclui este filem na lista dos 100 melhores filmes do cinema mexicano. Teve indicação Globo de Ouro de 1993, de Melhor Filme Estrangeiro o mesmo ocorrendo com  ao BAFTA (Reino Unido) em 1994, ao Goya (Espanha), no Japão. Aqui no Festival de Gramado foi indicado também a Melhor Filme de Língua Estrangeira, vencendo na categoria de Melhor  Atriz (Lumi Cavazos-Tita) e Melhor Atriz Coadjuvante (Claudette Mailé-Gertrudes), foi escolhido como Melhor Filme pelo Juri Popular e indicado ao Kikito, na categoria de Melhor Filme Latino. No Chile, mais precisamente em Santiago, tem um restaurante com o mesmo nome, que promete esta gastronomia excelente e extravagante. Confira!!!
Recomendo, é uma viagem sensorial. Fotografia Liiiinda!!! Comente depois. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário