sábado, 29 de janeiro de 2022

O som do silêncio


Diretor: Darius Marder

Atores: Riz Ahmed, Paul Raci, Olívia Cooke, Lauren Ridloff, Mathieu Amalric

Gênero: Drama

Duração 120 minutos

Ano: 2020

Sinopse: A vida do jovem bateirista Ruben Stone (Riz Ahmed) muda totalmente quando percebe que está perdendo a audição. As suas duas grandes paixões estão em jogo: a música e sua namorada Louise (Olívia Cooke), integrante da mesma banda heavy metal, da qual ele faz parte. Essa mudança drástica acarreta muita tensão e sofrimento na vida dele, que passa a ser atormentado lentamente pelo silêncio. 



Filme excelente que aborda o tema da perda auditiva de forma muito sensível, delicada e também educativa, que leva o expectador a uma experiência profunda, somos convidados a não só ver, mas "sentir" a deficiência, como uma busca por auto conhecimento. Direção incrível de Darius, o filme todo é focado no som, como uma linguagem e foi usado para construir a narrativa e vai ditando o ritmo do filme, assim somos levados a criar uma experiência sensorial. É possível sentir junto com o protagonista, toda a gama de emoções intensas e contraditórias que sentiu ao longo de suas vivências. Riz passa perfeitamente os sentimentos de angústia e frustração diante do novo, da sensação de estar sendo traído pelo próprio corpo, da impotência diante de tudo isso e da necessidade de internalização daquilo que não pode ser mudado. 


Ele e a namorada tinham tantos planos para o futuro, viviam como nômades, para juntar dinheiro e realizar vários sonhos, que precisaram ser substituídos. Não conhecia o ator principal, mas fiquei surpresa com a construção do personagem e passei a ter muita admiração por ele. O cara é bom!!! Deu o seu recado: construiu uma história (muito bem dirigida) mostrando como pode ser árdua, dolorosa e longa a caminhada para a adaptação e aceitação de uma nova realidade. Assim como fiquei encantada com o ator coadjuvante Raci, quanto carisma! Com uma interpretação segura, firme e tranquila, do que é ter uma deficiência e a melhor forma de lidar com ela. Depois ao fazer a pesquisa para escrever o filme entendi: tanto no filme, como na vida real, ele pode ouvir, mas cresceu sendo filho de pais surdos e não só aprendeu a linguagem dos sinais, como se tornou um ativista e ajuda a informar e esclarecer esta deficiência. Palmas para ele!




Indicações e Premiações: Ao Oscar 21, foi indicado a seis categorias: Melhor Filme, Ator (Riz Ahmed), Ator Coadjuvante (Paul Raci), Roteiro Original e venceu para Melhor Montagem (Edição) e Som.

Globo de Ouro 21, indicação para Melhor Ator em Drama (Ahmed)

Ao BAFTA foi indicado para Melhor Ator e Ator Coadjuvante, vencendo na categoria de Melhor Montagem também.

Curiosidades: foi lançado no Festival Internacional de Cinema em Toronto em 06 de setembro de 2019, mas só chegou aos cinemas em 20 de agosto de 2020. E apesar de ter sido filmado em apenas quatro semanas, a idéia já vinha sendo idealizada há mais de 13 anos.

Darius Marder assina também pelo roteiro e convidou seu irmão Abraham Marder para compor a trilha sonora e a ajudá-lo com o roteiro

O editor Mikkel Nielsen, criou uma experiência cinematográfica única, com interação entre ruído e imagem, o que rendeu a ele, um Oscar merecidamente. Enquanto a filmagem aconteceu em um mês, a edição levou 23 semanas.

O professor Jeremy Stone que aparece no filme, é realmente professor de Língua Americana de Sinais fora das telas e também se tornou assistente criativo de Marder e ajudou a dirigir os atores surdos. Em uma entrevista Morder diz: "Ele trouxe um nível de nuance que eu não poderia ter e compreender... Era necessário, é uma cultura diferente da minha"

O ator Riz Ahmed teve uma preparação e tanto para compor seu personagem, primeiro foi aprender a tocar bateria (o mesmo aconteceu com a atriz Olívia, que foi aprender a tocar guitarra) e depois para entrar no personagem e viver como alguém em processo de perda de audição, passou a usar bloqueios auditivos dentro dos ouvidos para realmente para de ouvir. E ainda passou sete meses aprendendo a Língua Americana de Sinais.


Para entregar uma performance mais convincente os "dois musicistas", após respectivos aprendizados, foram tocar com a banda em uma boate de verdade, para um público real e é claro que agradaram.


O filme fala sobre resiliência, de se buscar uma saúde mental e da importância de um grupo para isso, de como o apoio do outro é importante para atravessar momentos sombrios, de como podemos ver a vida sobre novas perspectivas, de que muitas vezes precisamos errar pata acertar e tudo bem. Este foi mais um, desta leva de filmes deste ano, que aborda a importância da descoberta de si mesmo, para um fortalecimento emocional e o se abrir para novos valores, do que é essencial e verdadeiro na vida.

Já que o planeta está vivendo a Era da Pandemia por Coronavírus.

Recomendadíssimo!!!








Nenhum comentário:

Postar um comentário