segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Foxcatcher




Diretor: Bennet Miller
Atores: Channing Tatum, Steve Carell, Mark Ruffalo, Sienna Miller, Vanessa Redgrave, Anthony Michael Hall, Brett Rice, Guy Boyd
Gênero: Drama
Duração: 135 minutos

Ano: 2015

Sinopse: Campeão olímpico de luta greco-romana Mark Schultz (Channing), sempre treinou com seu irmão mais velho David Schultz (Mark Ruffalo), que é também lenda no esporte. Até que um dia, recebe um convite para visitar o milionário John Du Pont 9Steve Carell) em sua mansão. Apaixonado pelo esporte, Du Pont oferece a Mark que entre para a sua própria equipe, a Foxcatcher, onde teria todas as condições necessárias para se aprimorar. Atraído pelo salario e as condições de vida oferecidas, Mark aceita a proposta e, assim, muda-se para uma casa na propriedade do milionário. Aos poucos vão se tornando amigos, mas a difícil personalidade de Du Pont faz com que Mark acabe seguindo uma trilha muito perigosa para atletas.



Filme denso e tenso, tive a impressão de estar entrando num submundo, num universo inteiramente masculino, onde muitas palavras não são ditas, emoções não são expressadas, tudo muito velado. Muito provavelmente o filme não agradou a muitos, pois estamos acostumados com os "Blockbuster", onde não se precisa de muita reflexão, está tudo muito óbvio e expresso. Neste caso não, pode-se ficar um pouco incomodado com os silêncios e cenas que vão mostrando detalhes, pois as mensagens não são explícitas e lentamente vão dando o seu recado: diferenças sociais, culturais, psicológicas e emocionais. É um filme para pensar, pelas coisas não ditas, tanto no comportamento individual de cada um (tantas emoções não expressadas, mas que aparecem, veladas/subentendidas), como no mundo do esporte, o que acontece nos bastidores dessas grandes competições, o quanto que o expectador é direcionado apenas para a grandeza do evento e não para o que realmente acontece na vida real. É um filme forte, o diretor Miller que tem um predileção especial por histórias verídicas, tanto que já levou para as telonas: Capote (2005), que aborda a questão da pena de morte e O homem que mudou o jogo (2011), que relata o uso da estatística para revolucionar o Baseball. Neste, o que ele aborda não é um caso de superação, heroísmo, nem um grau de descoberta interior dos protagonistas, o que ele questiona são dilemas morais: ambição, uso e abuso de poder, orgulho, egocentrismo, associado a transtornos de personalidade e comportamento e uso de drogas: frieza emocional, necessidade de controle, de ser amado, admirado e reconhecido, baixa autoestima, carências, sentimentos de solidão e frustrações diante da não realização de suas expectativas. Também mostra, e de forma nada sutil, uma crítica à obsessão americana de vencer sempre, de seu narcisismo eterno (tão mostrado em outros filmes), de ser sempre o melhor em tudo, mesmo que para isso tenha que passar por cima de certos valores. Os três protagonistas de forma diferente, e em maior ou menor grau, disputam quem tem o Ego mais "inflado". Gostei muito!!! Atuações impecáveis, fotografia maravilhosa, maquiagem muito boa, roteiro muito bem composto. O Mark Schultz da vida real diz que o filme foi muito preciso.Mas o diretor informa que o verdadeiro Du Pont, tinha um comportamento muito mais estranho do que o mostrado no filme, mas que optou por ir mostrando seus transtornos aos poucos ao público. Du Pont foi mesmo atleta olímpico, mas que um acidente automobilístico o impossibilitou de continuar com sua carreira, era Ornitólogo também, acabou criando o Museu Delaware de História Natural e era colecionador mesmo de obras ligadas a história das gueras e lutas americanas, e tinha realmente uma personalidade excêntrica e dominadora. 


Curiosidades: como o projeto levou anos para sair do papel, muitos atores foram considerados para os papeis principais, como Heath Ledger, Ryan Gosling, Bile Nighy e Gary Oldman, era a primeira escolha do diretor para o papel de Du Pont, que acabou ficando com Carell.  Os atores Tatum e Ruffalo tiveram um intensivo de 5 a 6 meses de treinamento para compor seus personagens, é possível ver principalmente em Tatum, a excelente forma física que se encontrava, bem como uma forma toda "truculenta" de falar e caminhar. Já Ruffalo teve que engordar 13 kg, para viver o personagem, que não estava mais no seu auge, era o mentor/treinador de seu irmão. Eles levavam tão a sério que em um dos treinos, Tatum acabou sentindo um estalo no tímpano e em outro deles, foi tão exaustivo, que os dois choraram no final do treino, de puro cansaço. Na cena em que quebra o espelho, Channing realmente o quebrou, o que não estava no scripit, no entanto, a interação com com o papel o levou a agir com tanta intensidade. Segundo o diretor, a carreira de Carell como ator cômico, não sugeria que ele era apto para o papel, até que almoçou com ele. Depois em uma entrevista disse sobre a escalação de Carell, que "eu acho que todos os comediantes são obscuros".  In Memorian: um dos jovens lutadores que David Schultz treinou foi Kurt Angle, que acabaria tornando -se uma estrela do WWE e TNA. Ele fazia parte do Time Foxcatcher no momento dos acontecimentos do filme, preparando se para os Jogos Olímpicos do Verão de 1996.Ele ganhou o Ouro para a equipe dos EUA, em categoria peso-pesado,, e dedicou a medalha em memória de Schultz. Steve Carell e Channing Tatum improvisaram seu diálogo na cena do helicóptero. E Carell usou vários narizes protéticos como testes de câmera e iluminação, sendo que sua maquiagem levava duas horas para ser realizada, incluindo penteado e retoques para mudar o tom de pele, tanto que ficou irreconhecível (feio). O filme foi indicado a várias premiações: Venceu  Palma de Ouro, no Festival de Cannes em 2014, para Melhor Direção. No Oscar 2015 só foi indicado a Melhor Ator (Carell), Ator Coadjuvante (Ruffalo), Diretor, Maquiagem e Roteiro Original, ma não ganhou nada. Ao Globo de Ouro, também foram várias indicações, mas sem levar nada, para Melhor Filme Drama, Ator e Ator Coadjuvante, No BAFTA foram duas indicações para Melhor Ator Coadjuvante, Carell e Ruffalo. No Critic's Choise Movie Awards foram para Ator Coadjuvante (Ruffalo) e Maquiagem. No Screen Actors Guild Awards, as indicações foram de Melhor Ator principal (Carell) e Ator Coadjuvante (Ruffalo). É, parece que as Academias Americanas, não gostaram muito das críticas sofridas. Recomendo!!! Não espere cenas com muita ação, mas sim muita pressão psicológica.

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