domingo, 6 de março de 2016

Perdido em Marte


Diretor: Ridley Scott
Atores: Matt Damon, Jessica Chastain, Kristen Wing, Jeff Daniels, Sean Bean, Kate Mara, Michael Peña, Sebastian Stan, Chiwetel Ejiofor
Gênero: Ficção científica
Duração: 144 minutos
Ano: 2015

Sinopse: O astronauta Mark Watney (Matt Damon) é enviado a uma missão em Marte. Após uma severa tempestade é dado como morto e é abandonado pelos colegas. Acorda sozinho no misterioso planeta, com escassos suprimentos, sem saber como reencontrar os companheiros ou retornar à Terra.


Filme muito interessante baseado no romance homônimo do escritor americano Andy Weir (The Martian, 2011), que foi levado quase que integralmente para a telona. Muito bem dirigido por nada menos que Ridley Scott, o maravilhoso diretor de clássicos, como Alien, o 8º passageiro (1979) e Blade Runner (1982), que volta a encantar as plateias e todo o mundo. Acredito que deveria ter sido indicado ao Oscar e não só no Globo de Ouro. O filme mostra como o personagem Mark ao se ver sozinho no Planeta Vermelho, enfrenta esta situação, necessitando realizar muitos cálculos, usando sua inteligência, criatividade e conhecimento de biólogo, para se manter vivo. O clima de Marte é inóspito e hostil e tudo que esta a seu alcance é limitado, até mesmo o oxigênio e suprimentos. Então todo seu potencial cognitivo e emocional é colocado à prova e ele acaba lidando muito bem: desenvolve diálogos com as câmeras, o que vira diário de bordo, onde vai registrando suas experiências, acertos e erros, bem como toda gama de sentimentos e frustrações vividas neste período, mas tudo sem perder o bom humor, onde faz "piadinhas" e ri de si mesmo, diante das adversidades; sendo que este otimismo é o que o ajuda a se manter vivo. Ainda que seja meio previsível, a história vai sendo contada de modo mais realista possível e convincente, tanto que sentimos tensão e torcemos o tempo todo por ele. Matt Damon está maravilhoso no papel, com seu jeito calmo, seguro e tranquilo de interpretar. O resto do elenco também é estelar,a fotografia é linda, assinada por Dariusz Wolki e Mark Patten, com seus tons avermelhados em "Marte" e azulada, quando voltada para a equipe da Nasa,na "Terra", é tão impactante para mim, como foi no outro filme neste estilo, Gravidade (2013). Sabe-se que o excelente e veterano diretor, usou cenas espaciais em 3D para compor toda a magnitude do Universo. Apesar de longo, não é cansativo, mantém se envolvente do começo ao fim. Muuuuito bom!!!



Curiosidades: o filme foi gravado em Wadi Rum, no sul da Jordânia, que tem um deserto de cor vermelha e já foi palco de outas produções e depois foram para Budapeste, que tem estúdios grandes e altos, compatíveis com as filmagens. A Nasa não só deu a permissão para que fossem utilizadas tantas informações sobre as viagens espaciais, como virou consultora sobre os aspectos do espaço e viagens, especificamente em relação a Marte. A filmagem durou 70 dias, sendo criado 20 sets de filmagem, o que não é quase nada, quando comparado a outros filmes de Scott, como Êxodos- Deuses e Reis, que foram 70. A figurinista Janty Yates, buscou em imagens reais, a inspiração para compor os trajes, porém voltados mais para uma abordagem prática. Os atores Matt Damon e Jessica Chastain já trabalharam num mesmo filme de temática espacial, em Interestelar (2014), mas não tiveram nenhuma cena juntos.
Premiações e indicações: Venceu o Globo de Ouro para Melhor Filme Comédia/Musical e para melhor Ator Matt Damon, No Oscar, foi indicado a Melhor: Filme, Ator, Roteiro Adaptado, Design de Produção, Efeitos Visuais, Edição de Som e Mixagem de Som, mas não venceu em nenhuma categoria. No People's Choisce Awards venceu para Melhor Ator Drama, Matt Damon. No Satélite Awards Melhor Som, e no ADG Award, para Melhor Design em Filme Comédia.
Recomendo!!! 

sábado, 5 de março de 2016

A Missão




Direção: Roland Josfé

Atores: Robert De Niro, Jeremy Irons, Liam Neeson, Ryan McAnally, Aidan Quinn, Cherie Lunghi, Ronald Pichup, Chuck Low
Gênero: Drama
Duração: 125 minutos



Ano: 1986


Sinopse: no final do século XVIII, Rodrigo Mendonça (De Niro), é um mercador de escravos espanhol, que faz da violência seu modo de vida. Acaba tendo um conflito com seu irmão Felipe (Quinn), devido a disputa da mulher que ama Carlota (Cherie Lunghi). Como forma de redenção, acaba se juntando aos padres jesuítas, tendo seu grande representante o padre Miguel (Irons), nas florestas brasileiras, para defender os índios, que antes escravizava, dos interesses das grandes nações da época.


É um filme britânico, com um elenco de estrelas e com música marcante e poderosa de Ennio Morricone, demais!!! O conteúdo histórico do filme tem muito a ver com a nossa história e foi baseado em fatos reais: a expulsão dos padres jesuítas espanhóis, do reino português, devido à crise nas relações políticas entre a coroas Portuguesa e Espanhola (Companhia de Jesus), apoiada pela Igreja Católica da época. Ou seja, conflitos acontecendo por mero interesse político e financeiro e não com a preocupação com o lado humano propriamente dito. Estamos falando do passado ou do presente?! Parece que nada mudou desde então, só os personagens!!! O contexto é do da Guerra Guaranítica, que ocorreu por volta de 1750 a 1757, entre os índios guaranis e as tropas espanholas e portuguesas no sul do Brasil, após a assinatura do Tratado de Madrid, no dia 13 de janeiro de 1750. Onde os índios Guaranis da Região dos Sete Povos das Missões (nome que se deu ao conjunto de 7 aldeias indígenas fundadas pelos padres jesuítas no Continente do Rio Grande de São Pedro, atualmente Rio Grande do Sul, composto pelas reduções de São Francisco de Borja, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo Custódio), recusam-se a deixar suas terras no território do Rio Grande do Sul e a se transferir para o outro lado do Rio Uruguai, conforme acertado no acordo entre Portugal e Espanha. Encontrei controversas de historiadores de qual era a nação que escravizava os índios, uns afirmam que eram os portugueses, outros que eram os espanhóis (mas segundo a visão destes, os índios eram considerados súditos do Rei da Espanha e portanto não poderiam ser escravizados). Então fica uma incógnita! Mas caso fosse a Espanha, os padres jesuítas não cumpriram com o que era a política da igreja, no entanto, sabemos que esta ordem rompeu com a igreja tradicional da época e vieram para o Brasil com o intuito de Evangelização e Catequese, de qualquer forma, modificar toda uma cultura, ou porque não dizer exterminar. Então ficaria contraditória suas atitudes, catequizar não combinar com escravizar. E foram eles que defenderam até a morte os povos indígenas... Eles representavam um pensamento e posturas próprios ou de sua nação de origem??
? Na análise de Darcy Ribeiro em "As Américas e a Civilização", as missões caracterizaram-se como "a tentativa mais bem sucedida da Igreja Católica para cristianizar e assegurar um refúgio às populações indígenas, ameaçadas de absorção ou escravização pelos diversos núcleos de descendentes de povoadores europeus, para organizá-las em novas bases, capazes de garantir sua subsistência e seu progresso" Mas enfim, o filme é ambientado neste contexto. Sendo filmado em parte no Brasil (Foz do Rio Iguaçu), beirando as fronteiras com a Argentina e Uruguai e outra parte, filmado na Colômbia, as cenas de selva. Os índios que aparecem no filme são da Tribo Colombiana Waunana. A música de Morricone tem um papel fundamental na história, ela sensibiliza, humaniza, eleva, dá corpo e reveste todo o filme de beleza. Não sendo à toa que ganhou muitos prêmios. A fotografia de Chris Menges também é espetacular. Os atores De Niro e Jeremy Irons estão perfeitos, esbanjando, como sempre talento e competência. 






Curiosidades: o personagem de De Niro existiu e foi o responsável pelas táticas guerreiras que permitiram todos os anos de resistência. Seu nome era Lourenço Balde e era português. Vários dos interpretes de nativos, eram na verdade, índios da América do Sul, que pouco falavam inglês e tiveram a liberdade para falar o que quisessem em cena. Os produtores criaram um fundo que recebeu uma porcentagem dos lucros do filme em prol dos Waunana. As quatro povoações receberam cerca de 50.000 libras  durante as filmagens, Valores de 1986. A maioria do elenco e da equipe técnica adoeceram durante as filmagens, De Niro foi um dos poucos que não contraiu a doença (disenteria). O filme quase não foi realizado por causa do tremendo impacto negativo que teve a filmagem do filme Fitzcarraldo, de Werner Herrog, quando morreram vários índios e a bagunça foi geral, na época. 

Indicações e prêmios: foi indicado ao BAFTA, para Melhor: Filme, Direção, Roteiro Original, Design de Produção (Stuart Craig), Efeitos Visuais e Especiais, Figurino (Enrico Sabbatini), Fotografia e Som. Venceu para Ator Coadjuvante/Secundário Ray McAnally, Edição e Trilha Sonora. Foi indicado ao César, para Melhor Filme Estrangeiro. Ao Globo de Ouro, para Melhor Filme Dramático, Direção, Ator em filme dramático (Jeremy Irons)), sendo que venceu nas categorias  para Melhor Roteiro (Robert Bolt) e Trilha Sonora (Morricone). Ao Oscar, teve indicações para Melhor Filme, Direção, Direção de Arte, Edição, Figurino e Trilha Sonora; vencendo para Fotografia. Ganhou ainda nos Festivais: Cannes, Palma de Ouro, para Direção Roland Josfé e também Grande Prêmio Técnico. Ao David Donnatelo Awards, para Melhores Produtores Estrangeiros (Fernando Ghia e Davis Puttmam). Recomendo!!! Visualmente lindo e tem tudo a ver com a nossa origem histórica.