quarta-feira, 25 de março de 2020

A esposa




Diretor: Bjorn Runge
Atores: Glenn Close, Jonathan Pryce, Max Irons, Christian Slater, Harry Lloyd, Elizabeth McGovern, Annie Starke
Gênero: Drama
Duração: 101 minutos
Ano: 2019



Sinopse: Joan Castleman (Glenn Close) é casada com um homem controlador e que não sabe cuidar de si mesmo e de outra pessoa. Ele é escritor e está prestes a receber o Prêmio Nobel de Literatura. Joan, que passou 40 anos ignorando seus talentos literários para valorizar a carreira do marido, decide abandoná-lo.  


Mais um filme interessante que embora não tenha sido indicado a Melhor Filme, teve a sua protagonista principal indicada e acredito que foi uma injustiça não ter ganho, uma vez que é uma das mais talentosas de Hollywood. Foi baseado no livro homônimo de Meg Wolitzer e aborda o ambiente machista do mundo literário, mas sem um aprofundamento, tanto que diante de todo conteúdo apresentado, ainda assim, não ocorre uma emancipação da personagem, suas escolhas ainda são fomentadas pela submissão. O roteiro de Jane Anderson foi eficientemente adaptado, o filme gira inicialmente em torno do escritor que foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura e a repercussão que isso desencadeia e culmina com a ida do casal e o filho para Estocolmo na Suécia, onde ocorre oficialmente a entrega. Apesar da história ter o foco nesta premiação, desde o início a câmera esta sempre flagrando as expressões da esposa, que apesar de discretas, são profundas e percebidas pelo expectador, cheias de uma infinidade de sentimentos.  Os diálogos apresentados são excelentes e gradativamente vai se descortinando um novo panorama na relação do casal e da família, o que aparentemente era uma relação ideal, começa a mudar na medida que vão surgindo muitos silêncios e sentimentos de desconforto e dando a dica de que há algo de mais nebuloso na relação de todos e de que nem tudo é o que parece. Durante a viagem, Joan (Glenn Close) começa a questionar suas escolhas na vida, após quarenta anos de casamento e onde isso a levou: sacrifício de seu talento e sonhos, por um amor e para manter e apoiar a carreira literária promissora do orgulhoso e mimado Joe (Jonathan Pryce). O filme é ambientado nos anos de 1982, e ainda neste período o modelo machista estava presente como nunca: talento reconhecido e valorizado só através da figura masculina. E tudo é muito potencializado pela presença de um jornalista insistente que deseja escrever um livro biográfico sobre Joe e após inúmeras pesquisas de suas vidas, encontra-se ávido pra trazer alguns questionamentos e possíveis segredos à tona. Enfim, o filme mostra a complexidade das relações desta família, permeada por sentimentos tão conflitantes de amor, ódio, raiva, inveja, admiração e submissão. E também da aborda a fragilidade dos relacionamentos da terceira idade. 


Ironicamente ou não, o filme acaba por ressaltar o talento feminino (atriz e roteirista), como que para ressaltar aquele dito popular que "atrás de um grande homem, sempre existe um  grande mulher" ou mulheres, apesar do cunho machista, mas...
Atuação maravilhosas dos atores, principalmente de Glenn Close, que está majestosa e teve o reconhecimento merecido ao ser indicada para Melhor Atriz em várias premiações, mas não levou a estatueta do Oscar. Ela já foi indicada outras vezes, mas nunca ganhou (infelizmente), em Atração Fatal (1987), Ligações Perigosas (1988), Albert Nobbs (2011).
Indicações e Premiações: Indicação de Melhor Atriz ao Oscar 2019, ao BAFTA e ao AACTA Internacional Award. Vencendo para Melhor Atriz em Drama ao Globo de Ouro.
Curiosidades: o filme foi selecionado para o Festival de Internacional de Cinema de Toronto em 2017. E a atriz que interpreta Joan quando mais jovem, Annie Starke, é filha de Gleen Close, daí a enorme semelhança. 
Recomendo que seja assistido, vale muito a pena.

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