terça-feira, 26 de março de 2019

Último tango em Paris


Diretor: Bernardo Bertolucci
Atores: Marlon Brando, Maria Schineider, Jean Pierre Léaud, Massimo Girotti
Gênero: Drama erótico
Duração:129 minutos
Ano: 197

Sinopse: Considerado uma obra-prima cinematográfica e um sucesso de bilheteria, mas devido ao conteúdo sexual e o caos emocional do filme. Levaram a uma grande polêmica internacional sobre ele, levando a várias censuras governamentais ao redor do mundo. A história mostra o relacionamento entre uma jovem parisiense Jeanne e um viúvo americano de meia idade Paul.



Foi um filme que demorou a ser liberado aqui no Brasil, só muitos anos depois, mais precisamente 07 anos de pois de seu lançamento, em 1979. Foi polêmico na época e ainda hoje causa discussões, mas claro que não devido ao mesmo conteúdo. O filme causou muita discussão quando foi lançado, por causa de conteúdos eróticos até então não refletidos e discutidos na sociedade da época, que era sem dúvida muito mais conservadora e por que não dizer, mais hipócrita.
Nos Estados Unidos estreou diante de uma enorme controvérsia, mostrada pelo jornalismo, e a polêmica só fez chamar a atenção do público, cada vez mais curioso, para saber o que estava causando tanto burburinho. Uns aplaudiram, reconhecendo o filme como uma grande obra cinematográfica, outros condenaram como um atentado a moral e bons costumes.
Na França, onde o Le Journal du Dimanche o chamou de um dos maiores filmes da história, o público enfrentava filas de duas horas nas ruas, durante o primeiro mês de exibição, em 7 cinemas de Paris.
Na Grã-Bretanha, os censores diminuiram as cenas mais quentes, para permitir que estreasse no pais.
Na Itália, o filme só foi lançado em 1975, mas uma semana depois, a polícia confisca todas as cópias por ordem da Justiça e Bertolucci foi processado por obscenidade. Foi condenado a 4 meses de prisão, sentença suspensa, mas teve seus direitos civis e políticos cassados por 5 anos. Apenas em 1987, 15 anos depois de seu lançamento original, com a entrada em vigor de uma nova Lei de costumes, é que o filme pode ser exibido integralmente na Itália. 
No Chile de Augusto Pinochet, passou 30 anos proibido.


O roteiro também tem a assinatura de Bertolucci e mais Franco Arcalli e Agnès Varda, que surge a partir de fantasias eróticas de Bertolucci, quando viu uma bela mulher desconhecida na rua e imaginou transar com ela, sem saber quem era. A bela fotografia foi confiada ao então já premiado Vittorio Storaro, colaborador de outros diretores como Francis Ford Coppola, Warren Beatty e Woody Allen, que fez trabalhos lindos como: O conformista (1970), Apocalypse Now (1979), O último Imperador (1987), Roda Gigante (2017). A música, assinada pelo desconhecido Gato Barbieri, compositor e arranjador argentino, ficou famosa pelo toque de Jazz e transformou Barbieri em estrela internacional da música, após o sucesso do filme.


Com a mudança da sociedade de um modo geral, nos últimos anos, onde ocorre um liberalismo maior de idéias e pensamentos é que a visão do filme mudou, em função do aprofundamento e percepção disso o filme acabou se tornando um símbolo de violência sexual no cinema. Mesmo na época, a jovem atriz Maria Schineider, desconhecida até então (depois faz inúmeros filmes, por volta de 50), faz depoimentos da violência e abuso que sofreu tanto pelo seu parceiro de cenas, como pelo diretor, mas que na época não foram levadas ou dadas as devidas considerações. Ela alega que depois do filme sua vida psicológica e afetiva não foi mais a mesma, passou a ter problemas mentais que trouxeram dependências com drogas e Depressão. Em 2007, quando este assunto foi novamente tratado, é que houve novamente polêmica, mas desencadeando uma nova direção no modo de interpretação do que ocorreu na época.  A atriz diz:"Eu me senti humilhada e, para ser sincera, tive um pouco a impressão de ser violentada, por Marlon e Bertolucci. No fim da cena, Marlon não veio me consolar, ou se desculpar. Felizmente, uma gravação foi suficiente".  
Só a partir de 2013, o assunto volta novamente na mídia, mas desta vez causando indignação  no mundo do cinema, nas atrizes e também atores, que tudo só passou a ser visto com outros olhos. Para eles, o que aconteceu só reforça ou reforçou a questão da cultura do estupro, cujos conceitos incluem: a normalização do impulso agressor, a impunidade e a culpabilização da vítima. Só quando o próprio diretor assume o que fez, assumindo sua postura, e que deveria ter pedido oficialmente desculpas a Maria, que sentia -se "culpado", mas não arrependido, é que tudo mudou, ou seja quando a mulher dá depoimentos, vai para a mídia, nada acontece, tudo muda, quando os próprios homens assumem seus erros é que a idéia se modifica. Complicado, né??? Em pleno século XXI, o mundo de certo modo segue MACHISTA. Até hoje isso ainda causa ferrenhas e acaloradas discussões!!! Bertolucci diz em uma de suas entrevistas, que o que fez era comum, que muitos diretores que para conseguirem reações genuínas de seus atores, lançam mão de surpreendê-los, combinando algumas performances com apenas um dos protagonistas da cena. Como por exemplo no filme Os pássaros (1963 - Alfred Hitchcock) e A fantástica fábrica de chocolate (1971 - Mel Stuart).  E mais uma fez foi o que fez neste filme, combinou algo com Brando, Maria foi pega de surpresa em uma das cenas, embora soubesse do roteiro e do conteúdo da mesma. Foi algo traumático para ela, tendo consequências psicológicas que arrastou pela sua vida, até sua morte em 2011, após uma luta contra o câncer. E que apesar de ter sido considerada um símbolo sexual naquela década, não se sentia assim, seu principal aprendizado foi nunca mais fazer filme com conteúdo sexual
Curiosidades: Bertolucci considerou Jean-Louis Trintginant e Dominique Sanda para os papéis principais, mas  Jean-Luis acabou recusando o roteiro e quando Brando aceitou, Sanda estava grávida e não pode fazer o filme, daí a desconhecida Maria Schineider foi escalada para viver a personagem de Jeanne. Brando recusou-se a decorar suas falas em várias cenas, improvisando algumas ou ainda, escrevendo suas falas em cartazes e espalhando pelo set de filmagem.
Indicações e Premiações: Oscar 1974, teve indicação para Melhor Filme e Diretor. Ao Globo de Ouro, também para Melhor Direção e Ator em Drama e ao BAFTA, teve indicação para Melhor Ator.

Recomendo. É interessante!!!


sexta-feira, 22 de março de 2019

O destino de uma nação




Diretor: Joe Wright
Atores: Gary Oldman, Kristin Scott Thomas, Ben Meldelshon, Lily James, Ronald Picup, Stephen Dillane, Samuel West, Hilton McRae
Gênero:m Drama
Duração: 126 minutos
Ano: 2018

Sinopse: Winston Churchill (Gary Oldman) está prestes a encarar um de seus maiores desafios, tomar posse do cargo de Primeiro Ministro da Grã Bretanha. Paralelamente, ele começa a costurar um Tratado de Paz com a Alemanha Nazista  que pode significar o fim de anos de conflito.



Quase que um documentário sobre a vida desse personagem que marca a história da Humanidade, um dos mais brilhantes do século XX, Winston Churchill. Não é precisamente uma biografia, pois o filme mostra apenas um recorte de sua vida, passada em 1940, onde mostra os primeiros dias de Churchill como Primeiro Ministro (que não era a escolha mais aceita por todos, mas se tornou a última esperança), onde se depara com um conflito, tendo que tomar a decisão de aceitar um suspeito acordo de paz com Hitler ou se confronta o ditador, retirando as tropas inglesas na Batalha de Dunquerque, que estavam cercados na França, durante a Segunda Grande Guerra Mundial. Mas mostra também um Churchill na intimidade do lar, com sua esposa e seus inúmeros rituais e manias. Oldeman está fantástico!!! Já sou fã dele, desde outros tempos: Drácula de Bram Stocker (1992), Minha amada imortal (1994), Batman (a trilogia desde 2008), O espião que sabia demais (2012). Está maravilhoso na composição deste personagem, com sua postura mais encurvada, meio bonachão, mais "volumoso", fala mansa, mas em outro momento com uma oratória impecável, extremamente convincente, que emociona. Gastava muitas horas para compor seu personagem, em torno de 200 horas em maquiagem e para parecer mais gordinho, usava várias próteses que pesavam quase que a metade de seu próprio peso. Tem um elenco de peso e também uma equipe técnica incrível: Roteiro de Anthony Mac Carten, Trilha Sonora de Dario Marianelli, Fotografia assinada por Bruno Delbonnel, Figurino de nada menos que Jaqueline Duran, responsável pelas roupas visualmente espetaculares de alguns filmes de época como Orgulho e Preconceito (2005), Desejo e Reparação (2007), Anna Karenina (2012) e os de aventura: Peter Pan (2015) e A bela e a fera (2017), Editor de Efeitos Especiais de Maquiagem Kazuhiro Tsuji.



Curiosidades: o ator John Hurt estava inicialmente confirmado para o elenco para assumir o papel do ex Primeiro Ministro Britânico Neville Chamberlain. No entanto Hurt estava iniciando um tratamento contra um CA de pâncreas e assim indisponível  para acompanhar os ensaios para as filmagens, vindo a falecer em 2017, menos de dois meses depois do início da produção. E mesmo sem ter feito parte oficialmente do filme, o mesmo será dedicado em sua memória. O filme foi selecionado para o Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2017. Houve um reencontro de Oldman e Hurt, que haviam trabalhado juntos em O espião que sabia demais (2012). També se esbarrou com Ben Mendelshon nas gravações de Batman, o Cavaleiro das tervas ressurge (2103). O diretor, negligenciou a menção sobre o fato de que Churchill ter sido reeleito a Primeiro Ministro em 1951.
Indicações e Premiações: Oscar 2018, foi indicado para Melhor Filme, Fotografia, Direção de Arte, Figurino e vencendo para Melhor Ator (Oldman) e para Penteado e Maquiagem. Ao Globo de Ouro ganhou para Melhor Ator em Drama, ao Critic's  Choice Awards, foi indicado a Melhor File e venceu para Melhor Ator e Cabelo e Maquiagem. Ao BAFTA, teve indicação para Melhor Filme, Filme Britânico, Atriz Coadjuvante (Kristin Scott Thomas), Trilha Sonora, Fotografia, Design de Produção e Figurino; venceu para Melhor Ator e Penteado e Maquiagem.


Recomendo que seja visto. Forte e baseado na inspiradora história real. 

sábado, 2 de março de 2019

Instinto secreto


Diretor: Bruce A. Evans
Atores: Kevin Costner, Demi Moore, William Hurt, Marg Helgenberger, Dane Cook, Ruben Santiago-Hudson, Danielle Panabaker, Aicha Hinds
Gênero: Suspense
Duração: 120 minutos
Ano: 2007

Sinopse: Earl Brooks (Kevin Costner) é um executivo de sucesso, marido e pai exemplar, filamtropo e generoso. Todos o consideram um pilar em sua comunidade, mas ele esconde um grande segredo: é um serial killer. Seus crimes são conhecidos como sendo do Assassino da Impressão Digital e ninguém tem idéia de qual seja sua identidade. Apesar de estar muito afastado do mundo do crime a algum tempo, a compulsão de Brook em matar volta à tona devido ao seu alter ego (William Hurt).Ao realizar mais um assassinato Brooks comete um erro e é flagrado por um fotógrafo curioso (Dane Cook), que passa a chantageá-lo. Este crime também coloca em seu encalço a detetive Tracy Atwood (Demi Moore), obcecada em desvendar o caso.



Surpreendente!!! Este filme trás uma reflexão sobre os nossos instintos (impulso interior que faz uma pessoa ou animal a executar inconscientemente atos adequados às necessidades de sobrevivência própria, de sua espécie ou de sua prole), que possivelmente quando não é "politicamente" correto, fazemos de tudo para disfarçar, mas nem por isso, deixa de existir dentro de nós. O filme aborda temas interessantíssimos para uma profunda reflexão. Bruce A. Evans além da direção também assina o roteiro que faz com que certos conceitos que temos internalizados, de que assassinos não precisam ser sempre maníacos, feios, sujos, magrelos, baixinhos, negros, ao contrário, podem ser bonitos, refinados, simpáticos, bem colocados socialmente, podem ser um homem de bem, mas com uma obsessão. No filme, o personagem Earl é assim, tem uma aparência inofensiva, mas planeja tudo de modo meticuloso e preciso, e se mostra mais calado, possivelmente devido aos conflito que vive de ter uma natureza homicida (no filme Marshall é apenas a materialização de uma parte da psiquê de Brooks). É mostrada esta alternância entre seus lados: o bom que sempre promete para si, que este assassinato será o último, demonstrando mesmo que de modo sutil, o desejo inconsciente de ser pego. E o outro lado, que representa a metade sádica, doentia e impulsiva, que exige uma satisfação imediata, mas o interessante e que é mostrado no filme, que Marshall mesmo não gostando do outro lado, considerando-o fraco, demonstra carinho e respeito. Assim, os dois atores Costner e Hurt, estão excelentes na interpretação dos personagens, conseguindo estabelecer um sentimento de tensão e ao mesmo tempo de camaradagem, pois no roteiro estão sempre trocando "piadinhas" entre eles. Vale a pena ressaltar também os recursos visuais que o diretor se utiliza para destacar o conflito entre os dois lados de uma mesma mente, um jogo de claro e escuro.
Também aborda um pouco sobre a personalidade da policial, que também se mostra meio que obcecada em desvendar os crimes, mas muito mais forma de superação, vencer a si mesma para mostrar ao pai que estava errado no seu julgamento machista.
Curiosidade: este é o segundo filme que Costner e Hurt atuam juntos. O anterior foi O reencontro (1983).

Uma das frases do filme: "Antes de ser o assassino digital, eu matei muita gente, de várias maneiras".
Recomendo!!! Um bom suspense.