Diretor: Bernardo Bertolucci
Atores: Marlon Brando, Maria Schineider, Jean Pierre Léaud, Massimo Girotti
Gênero: Drama erótico
Duração:129 minutos
Ano: 197
Sinopse: Considerado uma obra-prima cinematográfica e um sucesso de bilheteria, mas devido ao conteúdo sexual e o caos emocional do filme. Levaram a uma grande polêmica internacional sobre ele, levando a várias censuras governamentais ao redor do mundo. A história mostra o relacionamento entre uma jovem parisiense Jeanne e um viúvo americano de meia idade Paul.
Foi um filme que demorou a ser liberado aqui no Brasil, só muitos anos depois, mais precisamente 07 anos de pois de seu lançamento, em 1979. Foi polêmico na época e ainda hoje causa discussões, mas claro que não devido ao mesmo conteúdo. O filme causou muita discussão quando foi lançado, por causa de conteúdos eróticos até então não refletidos e discutidos na sociedade da época, que era sem dúvida muito mais conservadora e por que não dizer, mais hipócrita.
Nos Estados Unidos estreou diante de uma enorme controvérsia, mostrada pelo jornalismo, e a polêmica só fez chamar a atenção do público, cada vez mais curioso, para saber o que estava causando tanto burburinho. Uns aplaudiram, reconhecendo o filme como uma grande obra cinematográfica, outros condenaram como um atentado a moral e bons costumes.
Na França, onde o Le Journal du Dimanche o chamou de um dos maiores filmes da história, o público enfrentava filas de duas horas nas ruas, durante o primeiro mês de exibição, em 7 cinemas de Paris.
Na Grã-Bretanha, os censores diminuiram as cenas mais quentes, para permitir que estreasse no pais.
Na Itália, o filme só foi lançado em 1975, mas uma semana depois, a polícia confisca todas as cópias por ordem da Justiça e Bertolucci foi processado por obscenidade. Foi condenado a 4 meses de prisão, sentença suspensa, mas teve seus direitos civis e políticos cassados por 5 anos. Apenas em 1987, 15 anos depois de seu lançamento original, com a entrada em vigor de uma nova Lei de costumes, é que o filme pode ser exibido integralmente na Itália.
No Chile de Augusto Pinochet, passou 30 anos proibido.
O roteiro também tem a assinatura de Bertolucci e mais Franco Arcalli e Agnès Varda, que surge a partir de fantasias eróticas de Bertolucci, quando viu uma bela mulher desconhecida na rua e imaginou transar com ela, sem saber quem era. A bela fotografia foi confiada ao então já premiado Vittorio Storaro, colaborador de outros diretores como Francis Ford Coppola, Warren Beatty e Woody Allen, que fez trabalhos lindos como: O conformista (1970), Apocalypse Now (1979), O último Imperador (1987), Roda Gigante (2017). A música, assinada pelo desconhecido Gato Barbieri, compositor e arranjador argentino, ficou famosa pelo toque de Jazz e transformou Barbieri em estrela internacional da música, após o sucesso do filme.
Com a mudança da sociedade de um modo geral, nos últimos anos, onde ocorre um liberalismo maior de idéias e pensamentos é que a visão do filme mudou, em função do aprofundamento e percepção disso o filme acabou se tornando um símbolo de violência sexual no cinema. Mesmo na época, a jovem atriz Maria Schineider, desconhecida até então (depois faz inúmeros filmes, por volta de 50), faz depoimentos da violência e abuso que sofreu tanto pelo seu parceiro de cenas, como pelo diretor, mas que na época não foram levadas ou dadas as devidas considerações. Ela alega que depois do filme sua vida psicológica e afetiva não foi mais a mesma, passou a ter problemas mentais que trouxeram dependências com drogas e Depressão. Em 2007, quando este assunto foi novamente tratado, é que houve novamente polêmica, mas desencadeando uma nova direção no modo de interpretação do que ocorreu na época. A atriz diz:"Eu me senti humilhada e, para ser sincera, tive um pouco a impressão de ser violentada, por Marlon e Bertolucci. No fim da cena, Marlon não veio me consolar, ou se desculpar. Felizmente, uma gravação foi suficiente".
Só a partir de 2013, o assunto volta novamente na mídia, mas desta vez causando indignação no mundo do cinema, nas atrizes e também atores, que tudo só passou a ser visto com outros olhos. Para eles, o que aconteceu só reforça ou reforçou a questão da cultura do estupro, cujos conceitos incluem: a normalização do impulso agressor, a impunidade e a culpabilização da vítima. Só quando o próprio diretor assume o que fez, assumindo sua postura, e que deveria ter pedido oficialmente desculpas a Maria, que sentia -se "culpado", mas não arrependido, é que tudo mudou, ou seja quando a mulher dá depoimentos, vai para a mídia, nada acontece, tudo muda, quando os próprios homens assumem seus erros é que a idéia se modifica. Complicado, né??? Em pleno século XXI, o mundo de certo modo segue MACHISTA. Até hoje isso ainda causa ferrenhas e acaloradas discussões!!! Bertolucci diz em uma de suas entrevistas, que o que fez era comum, que muitos diretores que para conseguirem reações genuínas de seus atores, lançam mão de surpreendê-los, combinando algumas performances com apenas um dos protagonistas da cena. Como por exemplo no filme Os pássaros (1963 - Alfred Hitchcock) e A fantástica fábrica de chocolate (1971 - Mel Stuart). E mais uma fez foi o que fez neste filme, combinou algo com Brando, Maria foi pega de surpresa em uma das cenas, embora soubesse do roteiro e do conteúdo da mesma. Foi algo traumático para ela, tendo consequências psicológicas que arrastou pela sua vida, até sua morte em 2011, após uma luta contra o câncer. E que apesar de ter sido considerada um símbolo sexual naquela década, não se sentia assim, seu principal aprendizado foi nunca mais fazer filme com conteúdo sexual
Curiosidades: Bertolucci considerou Jean-Louis Trintginant e Dominique Sanda para os papéis principais, mas Jean-Luis acabou recusando o roteiro e quando Brando aceitou, Sanda estava grávida e não pode fazer o filme, daí a desconhecida Maria Schineider foi escalada para viver a personagem de Jeanne. Brando recusou-se a decorar suas falas em várias cenas, improvisando algumas ou ainda, escrevendo suas falas em cartazes e espalhando pelo set de filmagem.
Indicações e Premiações: Oscar 1974, teve indicação para Melhor Filme e Diretor. Ao Globo de Ouro, também para Melhor Direção e Ator em Drama e ao BAFTA, teve indicação para Melhor Ator.
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