quinta-feira, 16 de junho de 2022

Nomadland


Diretora: Clhoé Zhao

Atores: Frances McDormand, David Strathrin, Gay DeForest, 

                          Linda May, Charlene Swankie e Bob Wells (Nômades na vida real e não atores)

Gênero: Drama

Duração: 108 minutos

Ano: 2020


Sinopse: Uma mulher na casa dos 60 anos, depois de perder tudo na Grande Recessão, embarca em uma viagem pelo Oeste Americano, vivendo como uma nômade moderna. 




Amei este filme, apesar de mostrar uma triste realidade americana, onde pessoas perderam seus lares devido a uma recessão cruel, apresenta para nós uma visão completamente nova da vida, com valores bem diferentes do que estamos acostumados, com muito mais desapego, onde para sermos felizes, talvez não precisemos ter e viver o sonho da casa própria e uma história fixada em um mesmo lugar e trabalhar até a aposentadoria, ou que tudo isso pode mudar após ela, com novos tipos de desafios e enfrentamentos. Entendo claro que na época abordada não foi propriamente uma escolha, deve ter sido extremamente doloroso essa transição toda. Mas descortinou para todos nós, um outro estilo de vida, onde pode ser uma escolha. Atualmente existe milhares de pessoas que viajam e vivem em trailers nos EUA. Mas não deixa de ser uma crítica da desigualdade social existente nos EUA no passado e no presente, na visão de Chloé.

Aqui, conheço um casal que mora em Alto Paraíso - GO, que estão preparando um trailer, para sair viajando pelo Nordeste para conhecer cidades e culturas novas, bem como levar para muitas comunidades mais carentes, seus conhecimentos em construção, plantio, horta, pomar.



 Era o meu preferido para vencer o Oscar 2021, achei incrível como o assunto foi abordado, com muita delicadeza e sensibilidade (porque não dizer poética) como só uma mulher poderia abordar. Amei que venceu ao Oscar para Melhor Filme. A Diretora alinhava a história de Fern, que após passar pelo colapso econômico na cidade da zona rural de Nevada, ficar viúva, parte em sua van para a estrada, vivendo uma vida fora da sociedade convencional, faz trabalhos sazonais, tipo na Amazon, para sua sobrevivência e ao longo de suas andanças, vai para o Deserto no Arizona, a convite de uma amiga e lá fica conhecendo muitas pessoas que vivem como ela, inicia novos laços afetivos e aprende habilidade básicas para sobreviver e a ter mais auto suficiência na estrada e vai aprofundando na arte de lidar com a solidão e elaborar o longo processo de luto. Segundo Chloé, em Nomadland, a grande e real solução para o problema abordado e enfrentado foi a solidariedade, que une, acolhe e apoia.

O roteiro do longa-metragem é uma adaptação do  livro Nomadlend: Surviving American in the Twenty-Frist Century (Nomadland: Sobrevivendo aos EUA no Século 21), escrito por Jessica Brudes. Na história, a autora acompanha pessoas que precisaram se adaptar nas estradas como nômades após a Grande Recessão de 2008.

O filme é visualmente lindo, com lugares e paisagens deslumbrantes, tudo muito bem orquestrado pelo olhar de Chloé, que também assina pelo Roteiro e Edição, e do Diretor de Fotografia Joshua James Richards.

Música de Ludovico Einaudi, que combina perfeitamente com tudo que foi apresentado.





Curiosidades: a preparação para Nomadland exigiu muita intimidade de Frances com o estilo de vida de sua personagem, Fern. Para conseguir se conectar de forma fiel a este personagem tão intenso e profundo, ela passou cerca de cinco meses viajando de van e aderindo à vida de nômade. E chegou a receber uma proposta de emprego na Target, companhia que fornece fonte de renda para a comunidade nômade no estado de Nebraska. Além disso, ela também trabalhou numa fazenda de beterraba e no centro de distribuição da Amazon. 

No filme, a maioria das pessoas que aparecem no filme, são nômades mesmo na vida real, como Linda May, Bob Wells e Charlene Swankie, que inicialmente não sabiam que Frances era, na verdade, uma estrela de Hollywood. No final de uma das gravações Bob, foi consolar a atriz nos bastidores, dizendo que tudo ficaria bem e que tinha sido significativo contar aquela história. Foi então que McDormand disse que, na verdade, seu marido se chamava Joel Coen, diretor de The Tragegy of Macbeth - atualmente em exibição nos principais festivais de cinema deste ano, e que ainda está vivo. Foi só então que ele descobriu que ela não era nômade na vida real, como grande parte do elenco.


O filme teve sua estréia mundial no Festival Internacional de Veneza e no Festival Internacional de Toronto em 11 de setembro de 2020. Aqui no Brasil em 24 de abril de 2021.

O consenso dos críticos de cinema, disseram em reportagens, que o filme representa: "um estudo poético de personagens sobre os esquecidos e oprimidos. Que Nomadland capta lindamente a inquietação deixada na esteira da Grande Recessão".

Indicações e Premiações: 

Oscar 2021 teve seis indicações para Melhor Filme, Atriz (Frances), Direção, Roteiro Adaptado, Fotografia e Edição. Venceu nos três primeiros. Sendo o terceiro Oscar de Frances, o que faz dela a segunda mulher, junto com Mary Strepp, no rank de vencedoras de Oscar. Venceu em 1997, por Fargo e em 2017 por Três anúncios para o crime.


Globo de Ouro: teve quatro indicações, a Melhor Filme em Drama, Diretora em Drama, Atriz (Frances) e Roteiro de Filme. Venceu a Melhor Filme.

BAFTA: teve sete indicações, em três deles para Chloé, em Direção, Roteiro Adaptado e Edição e para Melhor Filme, Atriz, Fotografia e Edição de Som. Venceu em quatro: Filme, Direção, Fotografia e Atriz.

Super recomendo! Lindo e tocante!

terça-feira, 7 de junho de 2022

PS: Eu te amo



Diretor: Richard LaGravenese

Atores: Hilary Swank, Gerard Butler, Kathy Bates, Jeffrey Dean Morgan, Gina Gershon, Lisa Kudrow, Harry Connick Jr.

Gênero: Romance

Duração: 126 minutos

Ano: 2007

Sinopse: Holly Kennedy (Hilary Swank) é casada com Gerry (Gerard Butler), um engraçado irlandês por quem é completamente apaixonada. Quando Gerry morre, a vida de Holly também acaba. Em profunda Depressão, ela descobre com surpresa que o marido deixou diversas cartas que buscam guiá-la no caminho da recuperação.




Acabei de rever o filme, depois de anos, é daqueles que ficamos suspirando e com o coração apertado, pela história toda, ainda assim desejamos no fundo da alma, encontrar e viver um
 amor tão pleno. Acredito ser melhor viver um amor incrível desses e perder, do que não viver. Estou com "borboletas" no estômago. 

Que casal lindo e expressivo! Quanta intimidade! É o sonho de todas nós mulheres, encontrar um homem que nos ame e aceite de modo incondicional. E Meu Deus, no filme o Gerry Kennedy (Gerard Butler) está de tirar o fôlego, de tão lindo. Super convincente como o marido apaixonado. Affff!!!!

O filme tem frases incríveis! Amo esta: 



"Apaixone-se por alguém que sinta sua falta e precise de você sorrindo".

"Existe amores que duram mais que uma vida".

"Encontre aquela coisa que te torna diferente das demais".

"Saiba que onde quer que eu esteja, eu estou com saudades".


"Se puder me prometer algo, prometa-me que quando estiver triste ou insegura, ou quando perder a fé, você tentará ver a si mesma através dos meus olhos".




O filme aborda a perda, a dor do luto vivida em todas as suas formas, do desespero e  isolamento, até o soerguimento e não só por Holly; que é jovem, bonita, feliz e realizada (ainda que não na profissão), que vive uma relação linda e profunda (e não idealizada) com seu marido que infelizmente fica doente e morre. Mas antes de partir, Gerry prepara um surpresa para a esposa, que será a sustentação para que ela atravesse este período tão doloroso de sua vida. Fiquei realmente imaginando o que é viver isso, perder alguém tão importante em nossa vida. Onde encontrar forças para sobreviver a isso, como lidar com uma perda tão devastadora? Só mesmo Jesus, Família, Amigos e Terapia. 

Foi baseado no livro PS: I love you, de Cecelia Ahern, escritora irlandesa. Foi publicado em 2004 e alcançou o primeiro lugar como Best-Seller na Irlanda por 19 semanas.

O filme tem músicas lindas como My sweet song de Toby Lightman, Same mistake de James Blunt, Love you till the and de The Pogues, In the begining de The Stills e outras. Tendo como Diretor responsável John Powell.






A fotografia também é caprichada de Terry Stacey, sendo que as filmagens ocorreram no segundo semestre de 2006 em Nova York e no Condado de Wicklow, na Irlanda.


Curiosidades: A escritora Cecelia Ahern também assina o roteiro junto com Steven Rogers.

O filme é dedicado à memória da irmã da produtora Molly Smith Windland Smith Rice.


Durante a realização de uma das cenas (striptease), o suspensório de Gerard atingiu a testa de Hylary, fazendo com que a atriz fosse levada ao hospital.

A cantora Nancy Wilson da Banda Heart ensinou o ator Jeffrey Dean Morgan a tocar guitarra em curto espaço de tempo para o filme.

No livro "Holly e Gerry são namorados e se conhecem desde a infância, sendo que podiam terminar as frases um do outro e, mesmo quando brigavam, riam. Ninguém poderia imaginar um sem o outro. Até que o impensável aconteça. A morte de Gerry devasta Holly. Mas quando seu aniversário de 30 anos se aproxima, Gerry volta para ela. Ele deixou um pacote de cartas para ela, uma para mês após sua morte, guiando Holly gentilmente para sua nova vida sem ele, cada nota assinada como PS: Eu te amo."

Daí dá para entender a sintonia e a cumplicidade que eles apresentaram no filme, mesmo sem esta informação, pois no filme eles se conhecem adultos, mas nasce ali um amor instantâneo. E é linda a fala de Gerry quando diz: "Você não me parecia real inicialmente. Eu nunca havia visto tantas cores em uma garota antes". "Mas você combinava com aquele lugar, você e suas cores". Lembra-se da primeira coisa que disse? - Estou perdida!"

Outros livros da escritora: Simplesmente acontece, A lista, O presente, O livro do amanhã, A vez da minha vida, sendo que todos se tornaram Best Sellers em todo o mundo.


Indicações e Premiações:

Hilary Swank ganhou o prêmio em 2008 de Melhor Atriz Internacional no Irish Film and Television Award, um prêmio da Irlanda.



Recomendadíssimo! Lindo, poético e romântico.



domingo, 5 de junho de 2022

Mank


Diretor: David Fincher

Atores: Gary Oldman, Amanda Seyfried, Lilly Collins, Tom Pelphrey, Arliss Howard, Tuppence Middleton, Monika Gossman, Joseph Cross, Tom Burbe, Charles Dance.

Gênero: Biografia

Duração: 131 minutos

Ano: 2021




Sinopse: O enredo de Mank segue a história tumultuosa do roteirista Herman J. Mankiewicz, seus problemas com álcool, seu trabalho com Orson Welles para construir o roteiro da obra icônica Cidadão Kane (1941) e sua luta com o mesmo, pelo crédito do script do grandioso longa e da sua relação com grandes nomes da indústria cinematográfica da época, principalmente com o poderoso magnata da mídia William Randolph Hearst.


Filme em preto e branco, nostálgico que homenageia os grandes Estúdios da época e mostra os bastidores e negociações por trás dos filmes. Todo o glamour de Hollywood, nas décadas de 30 e 40, com uma pitada de humor, mas principalmente como eram feito os acordos, os grandes negócios e interesses, na preparação de um dos maiores clássicos de todos os tempos. O diretor revisita a Era de Ouro em Hollywood e ao processo de criação de Cidadão Kane, filme premiado em 1941, apenas por Melhor Roteiro Original e levando o nome dos dois, Welles e Mankiewicz, ainda que tivesse recebido outras indicações na época, para Melhor Filme, Diretor, Fotografia (em preto e branco), Montagem, Direção de Arte, Som, Música (de filme dramático). Já naquele tempo, nem sempre os filmes grandiosos conseguiam ganhar mutos prêmios, apesar das inúmeras indicações.


É um filme que não vai agradar a muitos, por ser mais lento, monótono e estar sempre ás voltas com termos e discussões calorosas sobre o cinema e temas muito específicos sobre uma produção. Acredito que seja muito mais interessante para quem realmente aprecia o cinema e suas implicações. O grande público poderá não gostar. Os críticos americanos gostaram e fizeram elogios a Direção.

Tem um excelente elenco, Gary Oldman, está como sempre, brilhante como o alcoólatra Mank, que as vezes é patético, outras vezes hilário. Que era um roteirista extremamente respeitado e que se consagra ao assinar mais esta obra. No filme é mostrado um recorte de sua vida, da sua genialidade bem como suas dificuldades em lidar com a bebida, mas também mostra sua generosidade para com todos a sua volta. E no momento sua luta contra o tempo para concluir o roteiro no tempo combinado. E a atriz Amanda surpreende, está muito bem, como a personagem Marion Davies, charmosa e expressiva.

Realmente tem uma bela fotografia assinada por Erik Messerschmidt, Edição de Kirk Baxter, Figurino de Trish Summerville, sendo que esta foi sua primeira indicação ao Oscar, apesar de já ter sido responsável por outros looks dos filmes: Jogos Vorazes: em chamas; Millenium: os homens que não amavam as mulheres e Garota exemplar. Compositores Trent Reznor e Atticus Ross, sendo que ambos já venceram o Oscar pelo trabalho junto com Fincher em A rede social (2010).





Indicações e Premiações: Oscar 2021, para Melhor Filme, Ator (Gary Oldman), Direção, Atriz Coadjuvante (Amanda Seyfried), Figurino, Trilha Sonora, Som, Maquiagem e Cabelo. Apesar das dez indicações, só venceu para Melhor Fotografia e Designer de Produção.

Ao Globo de Ouro 2021 foi indicado para Melhor Filme de Drama, Direção, Ator em Drama, Atriz Coadjuvante em Drama e Trilha Sonora. Mas não ganhou em nenhuma das indicações, foi de certa forma um filme esnobado nesta premiação.

Ao BAFTA 2021: o longa foi  indicado nas seis categorias de Melhor Roteiro Original para Jack Fincher, Trilha Sonora Original, Fotografia, Maquiagem e Cabelo e venceu na categoria de Designer de Produção (Donald Graham Burt e Jan Pascale).


Curiosidades: esse é o décimo primeiro filme de David Fincher e foi escrito pelo seu pai. Jack Fincher, nos anos 1990. David pretendia produzir o filme após o término de The Game, porém o projeto nunca seguiu em frente e seu pai faleceu em 2003. Só recentemente conseguiu realizar seu sonho.

Desde o início queria gravar em preto e branco e isso foi uma das dificuldades enfrentadas na produção do longa e também queria dirigir ator Oldman para estrear seu filme, foi categórico quanto a isso. E também sondou outro ator famoso, mas que acabamos por não vê-lo, acredito que seja devido aos escândalos que o mesmo esteve envolvido, Kevin Spacey

As filmagens começaram em 01 de novembro de 2019 em Los Angeles. Também houve filmagens em Victorville, na Califórnia. Sendo tudo finalizado em 04 de fevereiro de 2020.

É um bom filme, vale a pena assistir, muito bem dirigido e produzido, mas sinceramente mais pela produção como um todo e pela história em si, porque apesar de grandioso, é daqueles que não empolga.