Diretor: George C. Wolfe
Atores: Viola Davis, Chadwick Boseman, Colman Domingo, Glynn Turman, Taylour Page, Dusan Brown
Gênero: Drama
Duração: 94 minutos
Ano 2020
Sinopse: O filme acompanha Ma Rainey (Viola Davis) em Chicago de 1927 numa sessão de gravação de um álbum mergulhada em tensão entre seu ambicioso trompista Levee (Chadwick Boseman) e a gerência branca que está determinada a controlar a incontrolável "Mother of the Blues" (A Mãe do Blues). Porém, uma conversa no local revela verdades que irão abalar a vida de todos.
O filme é uma adaptação da peça escrita por August Wilson (dramaturgo que também já inspirou outro filme recente sobre a experiência negra nos EUA, Um limite entre nós). A situação de tensão no filme tem como base a cantora Ma Rainey (Davis, que está majestosa, ainda que quase irreconhecível) e sua relação conturbada com a indústria musical da Chicago dos anos 20. Dois pontos são apresentados, ela uma cantora negra, fazendo sucesso e se sobressaindo mais que cantores de Blues negros e sua queda de braço com os empresários brancos que tentam controlá-la de qualquer jeito, mas ela sabe de sua força e talento, e assim aproveita muito bem a situação. É verão em Chicago, está muito quente e isso aquece e permeia ainda mais a relação entre todos.
As atuações de Boseman e Davis estão fantásticas em seus contrastes. O filme aborda muito bem o racismo e a discriminação da mulher, os dois apresentam personagens sob a ótica das grandes paixões humanas: juventude e declínio, desejo e poder, aventura e segurança e a eterna exploração e marginalização da música negra nos EUA e sabemos que isso ainda não acabou. Apesar de ser uma ficção, sabemos que tudo isso poderia ser bem real. No filme Ma, representa a cantora que faz o que quer com os donos da gravadora, segura e esperta e ele, Levee, o trompetista, que passa o filme todo tentando mostrar o seu talento (que até é reconhecido mesmo), mas não tem a capacidade de julgamento e maturidade, além de se deixar levar pela ambição e desejar um futuro melhor, mas o quer de forma rápida, sem a perspicácia necessária para a situação.
Curiosidades: as tomadas são diferentes de um filme normal, segundo à risca a dinâmica teatral, cada personagem tem seus 5 minutos de digressão, mas nada vai além do espaço cênico: um flashback da infância por exemplo, não nos leva a memória visual, tudo o que se tem, é a narrativa oral, no presente. Tem as cenas constantes de Boseman tentando abrir uma porta para sair, metaforicamente, do controle dos brancos,sair de uma situação muito incômoda. O filme passa a sensação de claustrofobia e de muito calor também, os personagens estão sempre suados, mas acredito que foi proposital, para que nós expectadores, pudéssemos ter uma idéia da pressão sofrida pelos artistas negros da época, que eram "parcialmente" bem tratados de acordo com o interesse e conveniência da classe dominante branca, que gradativamente foi se apossando da criatividade negra e se intitulando ainda de donos do legado musical e cultural deles.
August Wilson, também recebe o crédito como Roteirista, junto a Ruben Santiago-Hudson.
Foi o último filme antes falecimento inesperado do ator (28/08/2020), que estava lutando contra um CA no colón.
Indicações e Premiações: ao Oscar 2021, foi indicado em seis categorias, para Melhor Atriz, Ator, Figurino, Designer de Produção, mas só venceu em duas: para Melhor Figurino (Ann Roth) e para Melhor Maquiagem e Cabelo (Matiki Anoff, Larry M. Cherry, Sergio Lopez-Rivera e Mia Neal).
Ao Globo de Ouro: indicações para Melhor Ator em Drama (Boseman) e Melhor Atriz em Drama (Davis) os dois foram indicados, mas só Boseman venceu. Numa homenagem póstuma,já que no dia de entrega, ele já havia falecido/desencarnado.
Ao BAFTA, indicados Melhor Ator, Figurino, Maquiagem e Cabelo, vencendo nos dois últimos.
Recomendo. Veja e comente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário